18/05/08

este rapaz é o meu rapaz

Está a crescer. Muito. E depressa. Ele acha que não, que o tempo passa devagar e que nunca mais é crescido. Onde e quando já senti como ele? Há tantos anos, passaram a voar. Agora é ele, que cresce e dana-se por não ser mais rápido. Já dorme fora de casa, com os amigos, em altas diversões. Os amigos vêm cá, dormem cá, e ele não quer afectos perto deles. Onde e quando já senti como ele? Aquele rapaz é o meu rapaz. Orgulho-me dele, gosto dele, amo-o profundamente. Por ele sou capaz de tudo. Todos os pais, ou quase, sentem o mesmo. Eu não queria que ele fosse de outra forma, queria-o assim, como é, com todas as suas enormes qualidades e com todos os seus defeitos. Aliás, eu até queria ter sido como ele. A avó bem diz: este rapaz é bem mais fácil do que tu. Eu sei. E ainda bem. Ele é mais bonito do que eu, mais inteligente do que eu, vai ser mais alto do que eu, é mais sensato do que eu, mais cordato, mais fácil, mais tudo. A outra avó bem diz: ele reúne o que a mãe e o pai têm de melhor. Este rapaz é o meu rapaz. Este rapaz é o que o meu pai queria quando eu era como ele. Por isso, ainda melhor, este rapaz é o meu rapaz e o rapaz do meu próprio pai. Pai: eu não era assim mas ofereci-te alguém como tu querias. Este rapaz também é o teu rapaz. As pazes estão feitas, nada mais há a perdoar. Este rapaz é o nosso rapaz, o rapaz dos pais, dos avós, dos tantos tios. Este texto é para o nosso rapaz. Rapaz: és o que todos queríamos que fosses.

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