28/09/08

Elizabeth Taylor e os rebeldes com e sem causa




Cat on a Hot Tin Roof, 1958
Richard Brooks




















A Place In The Sun, 1951
George Stevens
















Giant, 1956
George Stevens









rebeldes com e sem causa




Paul Newman
1925-2008


















Montgomery Clift
1920-1966




















James Dean
1931-1955

27/09/08

Paul & Joanne



Hoje morreu o actor Paul Newman. Tinha 83 anos e foi um dos maiores (e um dos mais bonitos) actores americanos. A agora viúva, a também actriz Joanne Woodward, era sua mulher há já muitas décadas. Bela, talentosa, carismática e sobretudo discreta. Aliás, os adjectivos aplicam-se a ambos. Há pessoas assim, bonitas sob todos os pontos de vista. Apetece-me ver Gata em Telhado de Zinco Quente.

26/09/08

eu também sim

Acho piada a pessoas que opinam sobre determinado assunto mas que necessitam de afirmar: "não o verei mais". Ou, ainda, acrescentar: "só passei os olhos". Se só passou os olhos não pode opinar; se não o vê mais é sinal que usa bastante o comando. É uma vergonha escusada. Com isso pretende afirmar o quê? Ou afirmar-se em relação a quem? A Teresa Guilherme vai ficar possessa FJV ! Que estopada! Já agora, concordo em absoluto (e sem ir ao dicionário ...) com o presidente da entidade que vigia a comunicação social. Eu como não sou presidente de nenhuma Junta estou completamente à vontade.

24/09/08

acordo e desacordo

Em completa sintonia quanto à Madonna.
Em completo desacordo quanto ao Herman.
O que é demais cansa.
Ambos, intoleravelmente insuportáveis!
Já não há paciência para tanto músculo e tanta plástica (Madonna) e para tanta ostentação e mau-gosto (Herman). Uma simbiose dos dois seria a tragédia, o horror. Já assim ...
Ambos parecem muito e não dão nada.
Chama-se a isso equívoco.
O mundo vive à sombra disso. As pessoas ávidas de pouca coisa. Portugal não foge à regra.
Quanto mais equívoco tão maior é a fama (há sempre excepções, naturalmente).

Elephant



A propósito do acontecimento trágico na escola de Kauhajoki, a 350 km de Helsínquia, onde ontem um estudante de 22 anos matou dez colegas, vale a pena recordar o que aconteceu no liceu de Columbine, E.U.A.. Gus Van Sant venceu a 56º edição de Cannes: Palma de Ouro e Prémio de Realização, com o filme “Elephant”, uma contemplação e reflexão sobre vida dos alunos, horas anteriores ao massacre que viria acontecer no liceu de Columbine – o liceu a representar a violência da sociedade americana. Vale a pena ver e reflectir. O filme é brilhante. As pessoas, neste caso as mais jovens, vivem neste mundo cada vez mais sós. Ao que isso pode levar ... , só Deus pode adivinhar.

Gus Van Sant,
Elephant, 2003

23/09/08

enlace



A noiva ia linda. O noivo transbordava felicidade. Os noivos estavam eufóricos, felizes. O casamento aconteceu bem, eu também estava feliz junto à minha família.

São mais inconfidências, revelação de segredos transmitidos em confiança. Estive para não opinar sobre este assunto mas …, apetece-me que sim!

A fotografia não é da noiva, claro, escolhi esta porque gosto do estilo da actriz (Sarah Jessica Parker) e do vestido de noiva (Vivianne Westwood). Não sei se a noiva gostaria deste, o vestido dela foi muito bem escolhido. Como disse, a noiva ia linda.

Os convidados vestiram-se menos bem, algumas excepções, poucas. Três excelentes exemplos de indumentárias difíceis de descrever, mal, não puderam fazer melhor. Quatro outros exemplos do contrário, bem, nos quatro sou quase suspeito. (Sim, reparo nisso, confesso sem culpa nem complexo.)

A festa foi animada, não cansou, antes pelo contrário, apeteceu ficar até ao fim. Sinais de que tudo correu bem, as pessoas sentiam-se bem, a festa resultou.

A emoção apoderou-se da noiva, entre o muito feliz e a preocupação do bem-estar dos convidados. O entusiasmo avassalou o noivo, pulos de contentamento, muita alegria. Nada correu mal, tudo calhou bem.

O resultado foi uma cerimónia bonita, o bem-estar a sobressair sobre qualquer outro pormenor. O resultado maior estará para vir, desejo que tudo lhes aconteça com a mesma alegria.

Parabéns aos noivos!

19/09/08

Ai, Monica !

Como é que isto é possível?
Socorro, fiquei sem fôlego!

18/09/08

não!

A consumição cansa. A antecipação perturba. Pensar de uma forma tão desiludida esgota qualquer um. Acho, quem sou, que temos tudo a ganhar, os outros também, com a nossa existência, vice-versa igual. As perdas, os pequenos e grandes fracassos, todos os aborrecimentos, só nos podem ajudar a fortalecer a nossa razão, o nosso juízo. A sociedade "dura, injusta e cruel" só pode servir de incentivo para a nossa bravura.

16/09/08

paralelismos pouco muito ou nada óbvios


Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.
(...)

12/09/08

muneras



A barbárie continua, cada vez mais acentuada, cada vez mais degradante. Receita para audiências televisivas. Simples. Rápido. Eficaz. Quanto mais alguém é humilhado publicamente tanto mais as audiências sobem. Quanto mais filhos-da-puta, melhor. As pessoas gostam de ver as fraquezas alheias. No Coliseu de Roma assistiram, tempos idos, a barbáries semelhantes com o resultado morte. Pouco falta para isso.


Um tipo, muito tipo, a sua mulher, o irmão mais novo e o melhor amigo. Juntamos a Teresa Guilherme, 21 perguntas escabrosas a fazer ao tipo muito tipo, um polígrafo, as câmaras a filmar e dinheiro em jogo até duzentos e cinquenta mil euros. A mistura é explosiva, estamos em plena arena do Coliseu, vai haver sangue. Tudo em patamares até atingir os duzentos e cinquenta mil euros, com perguntas atrás de perguntas, todas adequadas ao perfil do tipo muito tipo, quanto piores melhores. O resultado é um espectáculo de terror inqualificável, obsceno, ficam todos completamente a nu, todos os seus segredos vão ser conhecidos. Os cérebros daquelas pessoas vão ficar reduzidos a nada e expostos a tudo e a todos. Quanto mais escabrosa for a pergunta mais contente fica o tipo muito tipo porque vai arrecadar mais uns euros. E o resto da pandilha bate palmas. Biltres! Não se pode mentir, o polígrafo acusa, mas se o concorrente mentir a verdade também é revelada. Mas o tipo muito tipo é coerente, responde sempre a verdade! Ficamos a saber que o tipo muito tipo acha a mulher uma verdadeira chata, que o irmão aos olhos dele é um incapaz, o seu melhor amigo não pode confiar nele pois ele despeja tudo aos outros, é um aborrecimento para ele brincar com a filha pequena, as suas aventuras sexuais são fotografadas e exibidas aos amigos, vai fodendo umas quantas gajas desconhecidas e não usa preservativo, vai deixando uns euros em bares de alterne mas tem muito respeito pelo dinheiro (e pela mulher), embebeda-se e vai trabalhar, enfim, não vale a ponta de um corno mas é muito feliz assim. E mais, mais e mais. O tipo muito tipo desiste quanto lhe faltam responder apenas a três perguntas. Ensaca vinte e cinco mil euros, podia ganhar duzentos e cinquenta mil. Afinal, depois de se ter exposto de forma tão vil o que é que o fez desistir? O tipo muito tipo conclui que não quer continuar por respeito a si, à sua família, dizendo que é o mais importante que tem na vida. E chora, claro. É um tipo muito tipo sensível.



Combates entre gladiadores, chamados muneras
Coliseu de Roma
Anfiteatro Flaviano

08/09/08

Mamma Mia!


"Eu não gosto das músicas dos ABBA mas ..., o filme é hilariante".

Esta é a frase mais comum, a que mais se lê, nas críticas ao filme Mamma Mia! Também, a mais preconceituosa e a que menos traduz o espírito do filme. Pois, se o filme (ou o anterior musical) mais não é do que uma paródia às próprias músicas do grupo sueco (autorizada pelos próprios) ! É um super musical, um super filme, um super divertimento, com uma mais do que super Meryl Streep. Aplausos, e mais aplausos, Dancing Queen ou iééééé !

07/09/08

Raquel Oliveira

















Ontem, ofereceram-me três belos quadros. Não é todos os dias que nos fazem estas surpresas. Estão na sala, vai um para o escritório. Ainda mais, agradeceram a oferta, eu é que estou mais do que grato. É bom saber que gostam de nós. Gosto dos quadros, da artista e da família. É para mim, também, uma honra tê-los como amigos. É para mim um prazer poder observar os quadros todos os dias. Obrigado.

Bonjour Tristesse



Bonjour Tristesse
Otto Preminger, 1958

Jean Seberg
Belo (a), melancólico (a). Tristeza e solidão. Às vezes é assim.

05/09/08

três livros em Menorca

Menorca é uma ilha branca e com um mar azul de todas as tonalidades. Domina o turquesa, o mais bonito dos azuis no mar. Além do resto, foram três livros, três portugueses, que me permitiram vaguear por vários sítios de Portugal com estadia em Espanha.

O Vasco, o que mais gostei. O Bastos, o menos mais. O valter, curiosidade minha, li uma entrevista no “Expresso”, o mais menos. Escreve-se mesmo assim, valter, com letra minúscula, aliás, bem como o livro.

O Vasco Graça-Moura escreveu um livro belíssimo, Por Detrás da Magnólia, que li em Menorca e que me fez viajar para o sítio exacto de onde eu tinha partido: a Foz, a do Douro. E por mais terras, pelo Douro acima, e por pessoas, por gentes, por outros locais que tão bem conheço. É impressionante o que faz um poeta, neste caso o Vasco. Transporta-nos para os locais, descreve-nos as pessoas, como se estivéssemos lá, como se as conhecêssemos. Sentimos os ambientes, os cheiros, todas as alegrias, todas as angústias. Ainda por cima, no meu caso, que tão bem conheço aquelas ruas, aqueles locais, o Jardim do Passeio Alegre, a Meia-Laranja, o rio, o mar, a união dos dois, os eléctricos a percorrer a marginal do Porto, as expressões típicas daqueles que sempre viveram na Foz, tocou-me particularmente. É um romance, magnifico, poético, que me fez sonhar com outros tempos, anteriores ao meu, numa época em que a Foz deveria ser mesmo um lugar especial. Ainda me lembro da Foz bem diferente da de hoje. Rural, muito rural, não como agora. Ainda é especial, ainda cá estou, ainda sinto o rio e o mar ao pé. Continuo a adormecer com o barulho do mar e o farol a avisar. Continuo a sentir o cheiro a maresia. Continuo a querer ficar aqui.

O Baptista-Bastos, confesso, li o primeiro livro, Viagem de um pai e de um filho pelas ruas da amargura. Já tinha vagueado por outros escritos de Baptista-Bastos mas nunca em romance. Não achei belíssimo, nada semelhante, pareceu-me amargo, triste e forçado. Ode à amargura, à tristeza, escrita muito precisa, pareceu-me demasiado pensada. Mas, as personagens comovem, a viagem do pai e do filho transtorna o nosso espírito. Lisboa é o local, as personagens deambulam pelas suas ruelas e conversam numa taberna. É triste, muito triste. A personagem do pai nunca está ali, inventa sempre outros locais onde preferia (ou não) e acredita (desacreditando) ter estado. O livro fala do amor, da morte, de solidão, de amargura e de forte resignação. Urbano Tavares Rodrigues refere que se trata de uma obra-prima. Um livro sublime. Eu não senti isso. Eu só vi um grande esforço na criação de um livro diferente. Não fiquei convencido (nem precisava de ficar, claro).

O valter hugo mãe é o mais menos dos três. O livro o apocalipse dos trabalhadores não me pareceu quase nada. Pareceu-me minúsculo, como só as minúsculas no livro utilizadas. As personagens, mulheres-a-dias, um reformado, um jovem ucraniano, tudo à toa numa cidade do interior, em Bragança. A acção lenta, pegajosa, desalento, tristeza, tudo numa escrita escorreita mas sem fulgor nenhum. Sentimo-nos perdidos, sós. Portugal com imigrantes a mais, as gentes de Bragança perturbadas com essa incursão, os imigrantes também. Há alguma emoção. As personagens sentem-se todas sós, todas sem rumo, ou as que vivem no seu país ou as que vivem num país estrangeiro. Não vi mais nada. Só isso. Às vezes costumo ver muito pouca coisa.


Foz



A Foz do Douro.
Lusco-fusco belíssimo.
O melhor local do mundo.
O meu canto.

Porto


Torre dos Clérigos - ao fundo.
O Porto, cidade antiga, cidade a precisar de alguns restauros.
A minha cidade.

03/09/08

rewind de um ano exacto (qui raro, foi sem querer) e desculpas


Causar dor a outra pessoa, de uma forma frontal, ou só pelo nosso porte, ou por quaisquer outros motivos, é algo insuportável, vil, abjecto, ignóbil, medonho, infame, e outros mais sinónimos, que só pode, só deve, causar a quem dirige essa dor uma maior dor a si próprio. É intolerável pensar que alguém sofre porque lhe dirigimos a dor que sentimos intimamente em nós. Fazer sofrer, de qualquer forma, além de intolerável para o outro, é-o ainda mais para nós, também, pelo egoísmo, pelo egocentrismo, intrínseco a cada um (não querermos dor por o outro estar a sentir dor é uma forma de purgar a nossa própria dor). Mas não deve ser por isso, pelo egoísmo e egocentrismo, que devemos sentir dor por causar dor, mas sim pela grandeza de pensar que causar dor nos torna almas menores, seres desmedidamente inferiores, corpos de punição e não de redenção. E nós não somos só corpos, somos muito mais pessoas.
3 de Setembro de 2007

querido mês de Agosto

Anteontem ouvi, vi, uma reportagem qualquer, daquelas entre-férias-fim-de-férias-enche-chouriços-puta-que-as-pariu, que passam nas nossas televisões, isto porque, pouca coisa acontece durante o tão ... querido mês de Agosto. Refiro-me a notícias, sobre a angústia de voltar ao trabalho, a crise que se instala nas brilhantes inteligências colectivas (e comuns, segundo a reportagem), sobre a grave opressão de enfrentar mais um ano de trabalho, mais um árduo ano que se acerca, a pensar no Agosto seguinte, a pensar nas próximas férias, a pensar na angústia que teremos daqui a um ano quando regressarmos das férias futuras. As angústias são de cada um, cada um as enfrenta como quer e como pode. Ouvir que as angústias existem é como afirmar que os pássaros voam. Preferível dar uma espreitadela nisto. Parece bem mais interessante. Entretanto, queria falar do Vasco, do Bastos e do valter e ainda não tive vagar. A angústia do retorno deve atalhar. Foda-se!

01/09/08

...



O Recreio

Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...
E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...
Se a corda se parte um dia
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...
Cá por mim não mudo a corda,
Seria grande estopada...
Se o indez morre, deixá-lo...
Mais vale morrer de bibe
Que de casaca... Deixá-lo
Balouçar-se enquanto vive...
Mudar a corda era fácil...
Tal ideia nunca tive...

Mário de Sá-Carneiro