25/07/10

Wild Horses !

A propósito da extensão do nosso parco conhecimento, da “obrigatoriedade” inexprimível de querer conhecer muito, ou, quem sabe o muito que para outros significa nada, ou ainda, o que nós aprendemos pouco ou nada é para os outros só para nós, o que já por si importa pois tornamo-nos maiores, as coisas estão longe de ser... todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos apresentam. A maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos susceptíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte: seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efémera. Wild Horses!

Adaptação muito livre de Rainer Maria Rilke

17/07/10

Afterschool

Inquietante não saber o que é que as crianças fazem nas nossas costas. Inquietante não saber o que é que andam a fazer nas escolas às crianças. Quem são os professores? Que poder têm no que lhes transmitem? Quão distraídos ou ocupados andaremos nós? Estas crianças são os adolescentes, os pré-adolescentes, ou os não adultos. Este filme foi escrito e realizado por um miúdo americano com nome português: Antonio Campos. Afinal, o que é a realidade para estas crianças? O que é que fazem na Internet, no Youtube, no mundo virtual? O que é neste contexto uma relação verdadeira? O que é, sendo assim, a verdadeira experiência das coisas? Como é que desta forma descobrem a sexualidade? Como li algures, o que se anda a fazer aos miúdos? Brutal!

O primeiro filme de Antonio Campos é sobre a vida escolar, a descoberta do sexo, as drogas e a Internet. A história é sobre um estudante de uma das melhores escolas dos EUA que, acidentalmente, filma a morte por overdose de duas colegas suas. Como forma de atenuar o luto colectivo, a gravação torna-se num projecto audiovisual da direcção da escola. No entanto, o efeito é o oposto e acaba por criar um clima de paranóia geral entre alunos e professores.

11/07/10

“Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives”

Ontem, no Curtas Vila do Conde: “Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (Tio Boonmee, aquele que se lembra de suas vidas passadas). O título é muito complicado. O nome do realizador tailandês - Apichatpong Weerasethakul - impossível de memorizar ou verbalizar. No filme, Palma de Ouro Cannes 2010, dedicado pelo realizador aos espiritos e aos fantasmas do seu país, deambulam os fantasmas e os espiritos da Tailândia, o espírito de uma mulher, uns seres bizarros com muitos pêlos e olhos encarnados (os macacos-fantasmas), uma cena de sexo entre uma princesa e um bagre falante num idilico lago algures em nenhures, uma gruta útero com as personagens no interior à espera da morte no lugar onde nasceram e um final completamente nonsense. Eu não percebi o final: “eu fico aqui mas vou ali e já volto”. Decerto por não ser tailandês. Decerto pelos fantamas de Portugal vaguearem numa outra dimensão. E eu a pensar que fazíamos parte de um todo, do mesmo planeta. A Tailândia estará noutra dimensão, pronto, aceito. Curioso foi perceber a cara das pessoas (olhei especiamente para a do Fernando Lopes) completamente baralhados. Certamente a pensar: e agora “vou dizer que foi uma obra-prima ou uma grande merda”?