07/10/08

viva la vida

Um domingo cheio, extenuante, sobretudo bom em conversa. Que mais não fosse, boa conversa, o regresso de amigos, gente com sentido de humor, bom, e um grande trambolhão, isso não correu tão bem. O domingo é sempre um dia desconforme, em festa fica bisonho, o vírus gripal a atacar os convivas, muito barulho por nada. A minha tosse acalmou, a disposição melhorou, a festa serviu para retemperar forças, estranho pois o dia não era o mais adequado. Pode dizer-se que foi uma festa de arromba, boa e farta comida, muita música, muita animação, muita cantoria, não faltou o desfile brilhante das aparatosas vestimentas, indescritíveis, muitas delas, uma boa maneira de descobrir tudo-o-quanto-não-se-deve-usar-em-nenhuma-circunstância. As cores fortes e as banhas a sobressair nas moçoilas, as gravatas e as camisas trepidantes e coloridas dos seus acompanhantes, os cheiros, os odores, tudo parecia resvalar em rumba, em tango, swing, a quatro, romance a quatro (calma, eram duas festas numa só). Os noivos estavam felizes, o rebento enternecia qualquer um. Que menino bonito! O mais bonito da festa foi a chegada com o rebento, enterneceu todos os presentes, o menino a acompanhar os pais com um ar muito terno. O menos bonito, apesar de tudo, não foi nada, a festa aconteceu bem, sobretudo porque quem a fez gostou de a fazer. E quem são os outros para obstar? Era domingo, um dia pesado, se fosse um outro dia tudo podia parecer melhor. Desfrutem a festa, recomendou o noivo. A amabilidade superou tudo. A gentileza é sempre superior a todo o resto. Neste estranho mundo de aparências estes valores podem estar esquecidos mas permanecem os mais importantes. As aparências iludem tanto. As aparências confundem os nossos sentidos. As aparências são tão-somente aparências. Há valores muito superiores ao que poderemos considerar o mais adequado. Ser genuíno não é para todos. E aqui ganharam muitos pontos. Viva la Vida !

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