13/06/08

lacraus

É curioso perceber ao longo dos anos, desde adolescente até agora, foda-se, passaram-se já alguns anos, que os nossos supostos antigos amigos deixam muitas vezes de o ser, afastam-se, afastamo-nos, coisas da vida, interesses disparados em sentidos opostos. Lembro-me especialmente de dois, agora casados, um com o outro, claro, típicos burgueses, a simbólica família portuguesa que procura transmitir aquilo que os outros esperam encontrar nela. E tudo, claro, sem estardalhaços, o mais correcto possível, as aparências acima de qualquer suspeita. Bom, eu nunca gostei dela, sempre ironizei com ela, sobre ela, sempre me meti com ela, cara a cara, levei-a algumas vezes ao desespero. Não sou muito fácil, nunca tive paciência para pessoas como ela. Nem pessoa como ele, enfim, mas dele nem vale a pena falar, personagem secundária. Isto a propósito de determinadas pessoas que passam pelas nossas vidas, que não nos vêm anos, mas que continuam a saber tudo de nós, agora, como continuássemos em alegre convívio. Onde vão buscar tanta informação? Isto ainda a propósito de, para nos salvaguardarmos dessa gente, teremos de nos conter nos nossos dizeres, sobre a nossa vida, só porque os outros vão julgar. Eu não faço isso, não me importo que vasculhem a minha vida, que saibam dela, e que comentem aquilo que quiserem. É óbvio que há segredos, todos temos, há aspectos que não interessam aos outros saber, todos nos importamos, mas, no geral, que façam e digam o que quiserem. Eu não quero saber da vida deles para nada a não ser que não me chateiem e que passem por mim sem toques e sem arranhões. Se me arranham eu mordo. Não gosto de lacraus.

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