04/03/09

vidas

Impressionante. As pessoas ouvem-se cada vez menos e falam cada vez mais. Conversamos, opinamos, e estamos tão preocupados em impor o nosso ponto de vista que a opinião dos outros não nos interessa muito, quase nada. É até indício de menosprezo, se é diferente da nossa opinião. É até sinal de ofensa, se insistimos na nossa opinião sobre um determinado assunto e o outro não concorda. Caímos nos mesmos erros, sucessivamente, prometendo que para a próxima a atenção será outra, será uma atenção mais atenta. Mas não, na próxima insistimos na nossa opinião e desvalorizamos a opinião dos outros. Isto é mau, muito mau, tolhe-nos, a nós, mais do que aos outros. Não estar atento é sinal de pouca inteligência. Não ouvir é sinal que sabemos muito pouco e não estamos interessados em aprender muito mais.

Numa reunião de família, por exemplo, todas as pessoas com vidas e interesses diferentes, mas laços fortes de sangue, de amizade, de amor. Ninguém se ouve, ou poucos ouvem, a maioria tenta freneticamente explicar aos outros que as opções deles são melhores do que a dos outros e que se os outros não fazem como eles é porque não estão a ver bem a coisa. O silêncio, em mim, ou a ausência de contra argumentação nestas situações tomam-me cada vez mais. Berrar, discutir, contra argumentar, para quê? A minha vida não é melhor do que a tua vida mas se eu quisesse ter uma vida como a vida que tu escolheste mudaria de vida e passaria a não ter vida porque não seria a que escolhi. A nossa vida, a vida dos outros, as nossas opções de vida, as opções de vida dos outros, não são melhores ou piores. São só as nossas. A vida como ela é! Esta última frase faz-me lembrar o grande dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro Nélson Rodrigues (que muito aprecio). Um pequeno plágio, seja. E viva a diferença!


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