Um pouco cansado. Nada que não se resolva com uma semana de férias em terras algarvias que, espero, venha com muito sol. Um pouco cansado, ainda, se pensar que entre os dois filmes infra passaram 25 anos. Lembro-me tão bem de ver Rumble Fish no cinema. Como se fosse hoje. O preto e branco e os peixes vermelhos no aquário a destacarem-se do cinzento. Era tão novo. Tantos projectos. Tantos sonhos. Ao mesmo tempo, tanta afinidade com a juventude inquieta do filme (ainda hoje). Por outro lado, sinto-me mais do que feliz. Nunca pensei em 25 anos conseguir tanta coisa, realizar tanta coisa, que há 25 anos atrás não passavam de puros e pueris sonhos. Cansado mas feliz. Não é nada mau. Irrequieto, inquieto, rebelde, travesso, sempre. Pelo menos que seja com causa. E uma causa justa. Ou várias causas justas. Um pouco cansado mas feliz. Não é nada mau.
30/03/09
29/03/09
Mickey Rourke

The Wrestler, 2008
Darren Aronofsky
27/03/09
Gran Torino

Afirmar que acabei de assistir a pura poesia, ainda é menos.
Afirmar o que quer que seja sobre este filme é muito escasso.
Límpido, complexo, uma sensação que ultrapassa quaisquer palavras, uma reflexão sobre nós, os diferentes de nós, num país que não é o nosso (E.U.A) mas que caminha para o mesmo (a xenofobia é doente, as diferenças são difíceis, o pior é lutar contra as nossas próprias contrariedades).
Li para espalhar aos ventos que é uma obra-prima. Prefiro espalhar aos ventos que a última parte do filme e o genérico final são arrebatadores, o melhor que vi em toda a minha vida no cinema. E espalho a quem isto ler que este filme não se pode perder. Sem termo. E já. Ouço a música. Embalar e redimir todos os nossos pecados (os nossos, os dos outros?) da forma a que assisti não é para qualquer um. Clint Eastwood leva-nos sempre tão longe. Longe demais.
Gran Torino, 2008
Clint Eastwood
24/03/09
pós, mós, e após

Estima.
Pós, de pós-graduação.
Mós, de camaradagem.
Após, amizade.
Acho que tivemos sorte, num momento das nossas vidas, e com idades tão diferentes, encontrarmos pessoas que se entenderam tão bem. Um abraço a todos os meus amigos da Pós. Eis a filha de um desses amigos (a mais pequenina). Nas lojas Girandola, por esse país além e pelo estrangeiro. Parabéns!
23/03/09
...
E se tivessem de dar uma aula num curso de pós-graduação daqui a 45 minutos e ainda não estivesse preparada a aula? Morte súbita? Irresponsabilidade? Nem uma, nem outra. Ou as duas. A experiência e a idade trazem mais tranquilidade. Entre outras coisas, e se ela não preferir rapazes/homens mais novos, La Belle Noiseuse. Não é Ursdens?
Nova data adicional:
A aula correu muito bem, a idade ajuda sempre, mas la belle não estava, nem nenhuma outra. Nem tudo corre a sério bem. Pois é.
22/03/09
Emmanuelle Béart
Esta é a actriz ideal para qualquer papel. Elle est La Belle Noiseuse .
Nota adicional após comentários:
incluindo o/no/para ..., o meu papel.
19/03/09
ao entarceder

Natasha Jane Richardson
Nascimento: 11 de Maio de 1963, London, England, UK
Falecimento: 18 de Março de 2009, New York City, New York, USA
Num dos meus serões cinema/dvd/blockbuster vi o filme Evening. Não era um grande filme, escolhi-o sobretudo pelas actrizes. A cena aqui ao lado é a de uma filha a acompanhar a mãe no seu leito de morte. Duas extraordinárias actrizes, mãe e filha no filme, mãe e filha na vida real. Vanessa Redgrave e Natasha Richardson. E o filme valeu sobretudo por isso e por outra cena com a Meryl Streep (a despedir-se da amiga que morria). Ah, quase me esquecia de Glenn Close ... (a chorar a morte de um filho). Vi os extras e ouvi as duas actrizes expressarem o quão felizes estavam por terem feito num filme o mesmo papel que lhes cabia na vida real. Contudo, ontem, na vida real, inverteram-se o papéis e foi a mãe que assistiu à morte da filha. Posso garantir, seguramente, com todas as minhas forças, que não deve existir sofrimento maior que uma mãe assistir à morte da sua filha. A minha também assistiu. Eu sei. É uma tristeza infinita - perdura para sempre.
18/03/09
Bibi Anderson e Liv Ullman
Ingmar Bergman, sempre. Pedro Almodóvar, muitas e muitas vezes.
As mulheres de Amodóvar não são melhores do que as de Bergman. Só diferentes. Como é que é possível gostar de duas realidades tão diferentes? É possível, claro. Tudo se resume à inteligência. A beleza é tão fugaz. Abstracto, abstracta, eis uma palavra que aprecio.
15/03/09
Burn After Reading

"Destruir Depois de Ler", uma tragicomédia sobre pessoas de meia-idade, um filme com os amigos, como referem os Irmãos Coen. Uma história divertida, com os actores a fazerem de mentecaptos, totalmente imbecis, rufias e outras coisas que mais. George Clooney (que só vê sexo à frente), Frances McDormand (que se não faz umas tantas plásticas vai explodir), Tilda Swinton (a médica traidora e traída), John Malkovich e Brad Pitt – estes dois hilariantes, completamente idiotas, extremamente divertidos. O Brad Pitt está super divertido, super idiota, até quando apanha um balázio na testa. O John Malkovich deve ter rompido as cordas vocais com tantos berros. Os Irmãos Coen são brilhantes, gozam literalmente com tudo e todos. Os actores permitem-no e parodiam (ou deixam que parodiem) sobre eles próprios. Brilhante, deste ponto de vista. Se não gozamos com a nossa própria pessoa estamos muito longe do equilibro. Ou então completamente loucos. E sem uma boa mistura de equilibrio e loucura resta pouco. Uma comédia sobre pessoas completamente estúpidas. E há tantas por aí. A inteligência é relativa? Concordo. Ou talvez não.
Burn After Reading, 2008
Ethan Coen e Joel Coen
14/03/09
"Los abrazos rotos"
Que pareja !
Que Colectivo !
Penelope Cruz, Lola Duenas, Angela Molina, Blanca Portillo, Lluis Homar, Jose Luis Gomez, Ruben Ochandiano, Darya Mishchenko, Tamar Novas, Dani Martin, Carmen Machi, Rossy de Palma, Carlos Leal Pedro Almodovar...
11/03/09
...

Há alguns anos atrás, treze anos, em Janeiro de 1996, num mês e ano muito especiais da minha vida, vagueava eu pela Espanha profunda, encontrei, entre outros, os primeiros filmes de Penélope Cruz, que comprei e guardo (em VHS). Foram dois:
Jamón, jamón, Bigas Luna (1992)
Belle époque, Fernando Tueba (1992)
Gostei dos dois, na época, ainda gosto, e gostei da referência a Bigas Luna e Fernando Trueba no discurso infra. Pedro Almodóvar, claro, também tinha de ser citado. Esta mulher não é bela, vai para além disso, é portentosa. Gosto de gente assim. Como El Toro Andaluz. Preto e Vermelho. El Toro e Penélope. Olé !
Olé !

09/03/09
The Reader

The Reader, 2008
Stephen Daldry
08/03/09
Slumdog Millionaire
Ontem vi Slumdog Millionaire. No fim, não por acaso, não soube reflectir sobre o filme tão atordoado estava com sucessão de cenas/versão alucinante, sequência de video clip, a extraordinária banda sonora, uma certa incerteza se o filme respeitava as personagens, as situações, os bairros de lata de Bombaim, a Índia, ou, se pelo contrário, apenas pretendia retirar benefício daquelas crianças miseráveis, da extrema pobreza, da miséria humana, instrumentalização de todos esses clichés (ou dessa realidade) para seduzir Hollywood, o mundo, tendo como fim máximo prémios e mais prémios, milhões e mais milhões, como no concurso que estava a ser filmado. Senti que o filme não era honesto. Senti que a emoção foi construída e não vivida e filmada com entrega. Senti, isso hoje, alguma repugnância por toda essa mistura e por não ter acreditado que o filme foi feito com alma mas apenas com um objectivo especifico: prémios, dinheiro, muito mais do que os dois milhões de rupias - o prémio conseguido por Jamal K. Malik. A outro nível, parece-me, até, que toda a história contada se assemelharia (impressões) à carreira comercial e aos milhões pretendidos pelas imagens filmadas. Nada de muito censurável mas que soa a enganador. Um filme ou um objecto a rentabilizar? Além disso, a mistura Hollywood/Bollywood raiou o caricato. As imagens finais, esteticamente atraentes/repulsivas, poderiam ser imagens iguais aos milhões de filmes feitos em Bollywood. A realidade a que assistimos em Slumdog Millionaire poderia ser um desses filmes de Bollywood, com mais crueza, um pouco mais de introspecção, onde os heróis ultrapassam tudo depois de sofrerem todos os males do mundo. No meio disto tudo, lembrei-me de Cidade de Deus (Fernando Meireles, 2002) e de Oliver Twist (Roman Polanski, 2005). Podemos comparar Slumdog Millionaire a Cidade de Deus, a mesma estética, o mesmo frenesim, o mesmo ritmo alucinante, as favelas em diferentes locais do mundo? Podemos comparar Slumdog Millionaire a Oliver Twist, ao universo de Charles Dickens, ao relato das aventuras e desventuras de um rapaz órfão nas miseráveis ruas de Londres do século XIX? Ou seja, a suposta originalidade de Slumdog Millionaire não é mais do que um verdadeiro aproveitamento da miséria – onde o triunfo da bondade prevalecerá sempre contra todas as adversidades? Como em Cidade de Deus, mas este com mais emoção e mais honestidade. Como em Oliver Twist, mas este com mais pureza e muita mais bondade. Ou seja, Slumdog Millionaire pareceu-me um filme bem mais convencional do que à partida pretendia. Ou seja, é um filme bem menos conseguido do que à primeira impressão aparenta. Ou seja, concluindo, é um filme aparentemente enganador. No fim do filme estamos atordoados com a estética e a miséria que nos impuseram. A seguir, uma sensação de déjà vu e uma certa repugnância porque o objectivo do filme parece ser o mesmo dos maus e cruéis que perseguem as pobres crianças na miséria de Bombaim. E sem poesia, como em Oliver Twist. E sem emoção, como em Cidade de Deus. Um filme aparentemente (repito) enganador e desonesto. Contudo, um filme a ver. Sem brilho. Sem inspiração. Ou uma inspiração meramente aparente. Impressões, impressões aparentes. Ontem gostei. Hoje, nem por isso.
Slumdog Millionaire, 2008
Slumdog Millionaire, 2008
Danny Boyle
07/03/09
Vicky Cristina Barcelona

Vicky Cristina Barcelona, 2008
Woody Allen
Doubt

"A única coisa a recear é o próprio receio" Roosevelt
Doubt, 2008
John Patrick Shanley
John Patrick Shanley
04/03/09
vidas
Impressionante. As pessoas ouvem-se cada vez menos e falam cada vez mais. Conversamos, opinamos, e estamos tão preocupados em impor o nosso ponto de vista que a opinião dos outros não nos interessa muito, quase nada. É até indício de menosprezo, se é diferente da nossa opinião. É até sinal de ofensa, se insistimos na nossa opinião sobre um determinado assunto e o outro não concorda. Caímos nos mesmos erros, sucessivamente, prometendo que para a próxima a atenção será outra, será uma atenção mais atenta. Mas não, na próxima insistimos na nossa opinião e desvalorizamos a opinião dos outros. Isto é mau, muito mau, tolhe-nos, a nós, mais do que aos outros. Não estar atento é sinal de pouca inteligência. Não ouvir é sinal que sabemos muito pouco e não estamos interessados em aprender muito mais.
Numa reunião de família, por exemplo, todas as pessoas com vidas e interesses diferentes, mas laços fortes de sangue, de amizade, de amor. Ninguém se ouve, ou poucos ouvem, a maioria tenta freneticamente explicar aos outros que as opções deles são melhores do que a dos outros e que se os outros não fazem como eles é porque não estão a ver bem a coisa. O silêncio, em mim, ou a ausência de contra argumentação nestas situações tomam-me cada vez mais. Berrar, discutir, contra argumentar, para quê? A minha vida não é melhor do que a tua vida mas se eu quisesse ter uma vida como a vida que tu escolheste mudaria de vida e passaria a não ter vida porque não seria a que escolhi. A nossa vida, a vida dos outros, as nossas opções de vida, as opções de vida dos outros, não são melhores ou piores. São só as nossas. A vida como ela é! Esta última frase faz-me lembrar o grande dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro Nélson Rodrigues (que muito aprecio). Um pequeno plágio, seja. E viva a diferença!
Numa reunião de família, por exemplo, todas as pessoas com vidas e interesses diferentes, mas laços fortes de sangue, de amizade, de amor. Ninguém se ouve, ou poucos ouvem, a maioria tenta freneticamente explicar aos outros que as opções deles são melhores do que a dos outros e que se os outros não fazem como eles é porque não estão a ver bem a coisa. O silêncio, em mim, ou a ausência de contra argumentação nestas situações tomam-me cada vez mais. Berrar, discutir, contra argumentar, para quê? A minha vida não é melhor do que a tua vida mas se eu quisesse ter uma vida como a vida que tu escolheste mudaria de vida e passaria a não ter vida porque não seria a que escolhi. A nossa vida, a vida dos outros, as nossas opções de vida, as opções de vida dos outros, não são melhores ou piores. São só as nossas. A vida como ela é! Esta última frase faz-me lembrar o grande dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro Nélson Rodrigues (que muito aprecio). Um pequeno plágio, seja. E viva a diferença!
02/03/09
Natalie Portman

...
Reparo agora que não tenho escrito nada nos últimos tempos. Falta de tempo ou falta de pachorra? Uma mistura de ambos, com uma boa dose de preguiça mental. E parabéns ao Quinze que faz anos hoje! Daqui a nada dou-lhe os parabéns pessoalmente no recital do meu herói. Ah pois! E que dias estes tão atordoados.
recital no colégio ...
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro
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