28/04/09

O Estado do Estado


Ontem fui ao lançamento do livro que dá título a este poste e escrito por quem já não precisa de apresentações. Paulo Rangel. Conheço-o há anos, nunca fiz parte do seu grupo de amigos, tenho amigos que fazem, até mais do que amigos. O livro foi apresentado no Palácio da Bolsa pelo Exmo. Senhor Professor Doutor Gomes Canotilho. O discurso (longo) de Gomes Canotilho foi cravejado por adjectivos mais do que elogiosos ao autor do livro, com uma lucidez impressionante, apesar da repetição aqui e ali de frases, ideias e conjecturas. Brilhante, mesmo assim. Paulo Rangel discursou no fim. Apreciei o seu discurso, as suas considerações, o seu sentido de humor, sobretudo mostrou-se (sei que o é por informações de terceiros seus amigos de longa data) caloroso, afectuoso, uma pessoa com fortes princípios morais. O livro foi dedicado ao seu professor de português (já falecido) de liceu – Colégio dos Carvalhos. Comparou-o, sem quaisquer complexos, ao personagem de Robin Williams no filme Dead Poets Society, Peter Weir, 1989. Sem medo, sem qualquer complexo intelectual. Citou o filme porque lhe apeteceu. Convidou a mulher e os filhos do seu professor. Académico, profundamente académico, Paulo Rangel pareceu-me sobretudo uma pessoa boa. Politico (brincou com o facto) valorizou mais no seu discurso a presença dos amigos do que a presença dos ilustres (ilustríssimos) presentes ligados ao partido. Os mais influentes do partido no Porto (e outros) estavam quase todos presentes. São assim que se distinguem os homens. Os bravos homens e os ratos da politica ou de outras áreas. Paulo Rangel vale por si, não vale pelos outros. Apreciei, deveras. A subserviência e a politiquice rasca deste país não lhe interessam, a mim tão pouco. Fui com algumas reticências. Vim embora satisfeito por perceber que há homens da minha geração que ainda podem fazer muita coisa na Assembleia da República. No Governo, na Oposição, serão sempre intersectivos, com valor, com força, com inteligência e sem medo. Sobretudo, sem covardia e com arrojo lutando pelo que acreditam. O "menino de oiro" (como tem sido chamado) pode fazer muito pelo nosso País. No futuro muito breve, na Europa. Mais uma nota ao que tenho lido sobre a aparência física de Paulo Rangel. Quando ele fala, principalmente em circunstâncias tão especiais como as de ontem, quando se sente à vontade, porque, palavras dele, estavam ali os seus amigos, a aparência vale tão pouco. O importante é, de facto, perceber que a aparência de Paulo Rangel brota toda do seu interior. E essa é tão intensa, tão brilhante, que o resto pouco importa. Bravo. Aplausos!

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