13/04/09

Ensaio Sobre a Cegueira

Retomo a escrita, retomo o trabalho, após uns poucos dias de férias e de algum Sol. Estou bronzeado, animado, e com uma enorme vontade de retomar o meu dia-a-dia. As rotinas são sempre boas quando há tantos sobressaltos pelo meio. O regresso a casa é sempre bom. A manhã do primeiro dia está a começar assim, tantas coisas para fazer e tão pouco tempo para elas - a rotina com sobressaltos, enfim. Para finalizar as férias, e como o cinema está sempre presente na minha vida, decidi ver Ensaio Sobre a Cegueira. Bom, e não podia ter acabado umas férias tão aprazíveis com um filme tão absurdamente deprimente. Um finalizar diferente do intermédio. Um filme bastante óbvio e que não consegue transmitir emoções que não sejam as de repulsa e do nojo. Enjoo e vómito. José Saramago afirmou que se recusou a vender os direitos do livro durante vários anos porque o "cinema destrói a imaginação". Não concordo, embora compreenda. O filme tem, contudo, imagens extraordinárias criando no espectador uma sensação de colapso a todos os níveis. A destruição e a globalização do nosso mundo actual. O nada. Tudo flutua para o esvaziamento. Ninguém vale nada a não ser que valha alguma coisa. Gosto mais de Fernando Meirelles do que de José Saramago. Aliás, nem gosto mesmo nada de José Saramago. O filme é deprimente, vazio, pelo tema, pela total ausência de ética e moral, pela absurda metáfora apocalíptica, pelo fim incompreensível. Eu não percebi. Achei medonho. A realização é forte, as cores e a sua ausência fortíssimas, a luminosidade extraordinária. Tudo isto não chega para não deixar de afirmar que o filme é absurdamente deprimente. Julianne Moore sempre luminosa. Alice Braga (sobrinha de Sónia Braga) novamente a dar o ar da sua graça depois de Cidade de Deus (não a conheço doutras bandas). Mark Ruffalo a fugir para o canastrão. Danny Glover sempre profundo. Gael García Bernal um verdadeiro alucinado monstro dos nossos dias. E, voltando à realidade, há mais assuntos a tratar. O clarão branco não chegou ainda aqui. Por ora.

5 comentários:

Unknown disse...

Concordo com a crítica. Está bem visto.

toninho disse...

Obrigado. O pessoal e outras coisas, sempre mistura. Músico?
Abraço

Ursdens disse...

O facto de um grupo de gente ter sobrevivido ao colapso, de forma unida e humana, não me parece que possa transmitir repulsa ou nojo...

Não acho o filme (argumento) deprimente, acho-o até bastante esperançoso, no meio da habitual selva que vamos conhecendo por aí... É a natureza humana...

De resto, morais no filme há muitas e ética também existe, na tal pequena comunidade (ao fim e ao cabo o conceito de ética está sempre ligado a uma questão comunitária-funcional).

Cumprimentos cinéfilos!

toninho disse...

Discordo. Também, não podíamos concordar em tudo ...

Abraço !

Ursdens disse...

eheh! Senão era como dizia o outro... Isto há casos... :)