Estou num espaço novo. Continuo no antigo, que muito estimo, que muito prezo, mas agora tenho o meu próprio sítio. Aqui, neste novo lugar, ainda o sinto vazio, ainda o sinto deserto, sinto-me bem, um pouco perdido ainda. É meu, só meu, e quero que resulte em pleno. Claro que vai resultar, sou guerreiro, lutador, um verdadeiro self-made-man. Sempre fui, gosto que assim seja, confio em mim, sempre. Se não fosse assim não andaria sozinho nesta profissão, já lá vão catorze anos. Curioso, sempre achei (e acho) que são os outros que nos devem avaliar mas vamos caindo sempre nas mesmas ratoeiras. Como agora. São mudanças, mudanças atrás de mudanças. E, como dizia Camões, o mundo é composto por elas. Às vezes dói. Fortalece, sempre.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
3 comentários:
Obrigado! Acho que tenho muita sorte, em muita coisa, a vida vai-me oferecendo muito. Por outro lado, também luto muito, no dia-a-da, a vida assim o exige. Uma dualidade que me acompanha desde sempre. Mas isto aplica-se a toda a gente, claro. às que têm consciência e não vivem na apatia.
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