27/01/09

paralelismos

SAVAGE GRACE, de Tom Kalin, conta uma história verídica de incesto, de desvios sexuais e alucinações, tudo na vida de uma aparente família normal que nada tem de normal. Diria mesmo que são, foram, ordinários, vulgares, aberrantes e repulsivos. Ninguém deve atirar pedras, sei. Julianne Moore, a mãe, irrepreensível, brilhante, uma extraordinária actriz, mas que não precisava de ter interpretado este papel. Acho. Causa repulsa, nojo, é uma fantástica actriz, era isso o pretendido, mas eu não gostei de a ver no filme. A reconstituição da (s) época (s), o requinte das personagens, dos ambientes, dos locais, do guarda-roupa, tudo sublinha e causa ainda mais o asco. Preconceito, sei. Se se tratasse de um ambiente como em BRUTTI SPORCHI E CATTIVI, de Ettore Scola, nada nos pareceria tão repugnante, ou até sim, mas a vida ali já é tão miserável que mais miséria menos miséria, tudo se compreende melhor. Preconceito, sei. Em Brutti Sporchi e Cattivi do feio nasce o belo. Ao contrário, em Savage Grace, do belo (aparente) nasce o feio. Não gostei. Roça o extremo mau gosto. Julianne Moore é e está belíssima (não gosto de estereótipos). Os restantes actores deambulam. O filho (mais do que estereótipo) causa náuseas. A realidade ultrapassa a ficção. Desculpem-me os acérrimos cinéfilos e os defensores da originalidade (forçada). Os parêntesis são obrigatórios. Bola preta.
  • Savage Grace, Tom Kalin, 2007
  • Brutti Sporchi e Cattivi, Ettore Scola, 1976

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