19/12/08

tempos modernos

Triste.
Hoje vi o desespero estampado nas caras de um jovem casal.
Ávidos por dinheiro.
Cheios de dívidas.
Capazes de qualquer humilhação para conseguirem o vil metal.
Neste caso, notas, tantas e tão poucas que não consegui contá-las.
Triste.
Têm ambos menos de trinta anos.
Têm uma criança pequena, de três ou quatro anos.
Têm, também, por suprimento, uma boa casa, um bom carro, e outras coisas do género.
Têm mais dívidas, a triplicar do valor dos bens que têm em sua posse.
É a vida da maioria dos portugueses.
Triste.
Perderam a dignidade e não têm sequer trinta anos.
Não têm trabalho, usam pequenos esquemas (lícitos, parece-me).
Receberam hoje algum dinheiro.
Pouco, muito pouco, para o que precisam (será que o mereciam?).
Esgotaram-nos a todos.
Triste.
Ele, desesperado, só caralhadas lhe saíam de dentro.
Ela, desanimada com tudo, faltou chorar.
Saíram rápido, depois de tanta perseguição, levando consigo algum dinheiro para se safarem de alguma coisa.
Boa sorte. Porém, adeus.
A honra podem encontrá-la outra vez.
Triste, acho.

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