17/05/09

Changeling



Changeling é um filme surpreendente em muitos aspectos, um filme que nos confessa, já nem é preciso, Clint Eastwood o grande cineasta, um dos melhores do mundo, um grande homem, um homem com uma sensibilidade libertadora.

1. Se não fosse a história ser verídica o argumento pareceria tão ridículo, de tão absurda, macabra, e assustadoramente cruel vida de uma mãe que perdeu um filho e a quem a polícia oferece um outro em troca. A vida ultrapassa sempre a ficção.
2. Se não fosse Clint Eastwood a contar esta história no cinema poderia ser um daqueles filmes menores que contam histórias baseadas na desgraça alheia – neste caso, uma desgraça com enormes repercussões nos finais dos anos vinte em Los Angeles.
3. E se este é um dos filmes menores de Clint Eastwood (como já li), a história da personagem de Angelina Jolie (Christine Collins) torna-se maior precisamente por ser filmada por ele.
4. Angelina Jolie merecedora da nomeação ao Óscar, na minha opinião bem melhor que Kate Winslet. O estigma da “mulher mais bela do mundo”. O preconceito não permite avaliar com a maior objectividade possível. Não concordo com nenhum dos dois epítetos , nem o da mais bela nem o de cair no erro de ir por esse caminho.
5. Vi antes deste Gran Torino – obra-prima absoluta – e, embora menor (como também acho), Changeling parece-me um grande filme. Não é fácil transformar uma história verdadeira e monstruosa como esta num filme que não caia na mediocridade. Isso nunca acontece, nem poderia, pronunciamos o nome de Clint Eastwood.

Changeling é um filme surpreendente, nestes aspectos todos e em mais alguns, um filme menor tornado maior, um filme a não perder. Filmes maiores ou menores nem existem. Um grande filme, só.

Changeling, 2008
Clint Eastwood

2 comentários:

Filipe Machado disse...

Clint Eastwood contrói uma obra altamente dramática em que nos é revelado, de uma forma sublime, o papel da mulher numa sociedade fortemente conservadora e machista. Esta premissa é apimentada pela dissecação da cultura autoritária patente nas forças policiais da época. Apesar de não ser um dos melhores filmes de Eastwood, não deixa de ser um grande filme à boa maneira clássica.

toninho disse...

Ora nem mais! Sublinho o sublinhado.