
28/09/08
27/09/08
Paul & Joanne

Hoje morreu o actor Paul Newman. Tinha 83 anos e foi um dos maiores (e um dos mais bonitos) actores americanos. A agora viúva, a também actriz Joanne Woodward, era sua mulher há já muitas décadas. Bela, talentosa, carismática e sobretudo discreta. Aliás, os adjectivos aplicam-se a ambos. Há pessoas assim, bonitas sob todos os pontos de vista. Apetece-me ver Gata em Telhado de Zinco Quente.
26/09/08
eu também sim
24/09/08
acordo e desacordo
Já não há paciência para tanto músculo e tanta plástica (Madonna) e para tanta ostentação e mau-gosto (Herman). Uma simbiose dos dois seria a tragédia, o horror. Já assim ...
Ambos parecem muito e não dão nada.
Chama-se a isso equívoco.
O mundo vive à sombra disso. As pessoas ávidas de pouca coisa. Portugal não foge à regra.
Elephant

Gus Van Sant,
Elephant, 2003
23/09/08
enlace

São mais inconfidências, revelação de segredos transmitidos em confiança. Estive para não opinar sobre este assunto mas …, apetece-me que sim!
A fotografia não é da noiva, claro, escolhi esta porque gosto do estilo da actriz (Sarah Jessica Parker) e do vestido de noiva (Vivianne Westwood). Não sei se a noiva gostaria deste, o vestido dela foi muito bem escolhido. Como disse, a noiva ia linda.
Os convidados vestiram-se menos bem, algumas excepções, poucas. Três excelentes exemplos de indumentárias difíceis de descrever, mal, não puderam fazer melhor. Quatro outros exemplos do contrário, bem, nos quatro sou quase suspeito. (Sim, reparo nisso, confesso sem culpa nem complexo.)
A festa foi animada, não cansou, antes pelo contrário, apeteceu ficar até ao fim. Sinais de que tudo correu bem, as pessoas sentiam-se bem, a festa resultou.
A emoção apoderou-se da noiva, entre o muito feliz e a preocupação do bem-estar dos convidados. O entusiasmo avassalou o noivo, pulos de contentamento, muita alegria. Nada correu mal, tudo calhou bem.
O resultado foi uma cerimónia bonita, o bem-estar a sobressair sobre qualquer outro pormenor. O resultado maior estará para vir, desejo que tudo lhes aconteça com a mesma alegria.
Parabéns aos noivos!
19/09/08
18/09/08
não!
16/09/08
paralelismos pouco muito ou nada óbvios

12/09/08
muneras

Um tipo, muito tipo, a sua mulher, o irmão mais novo e o melhor amigo. Juntamos a Teresa Guilherme, 21 perguntas escabrosas a fazer ao tipo muito tipo, um polígrafo, as câmaras a filmar e dinheiro em jogo até duzentos e cinquenta mil euros. A mistura é explosiva, estamos em plena arena do Coliseu, vai haver sangue. Tudo em patamares até atingir os duzentos e cinquenta mil euros, com perguntas atrás de perguntas, todas adequadas ao perfil do tipo muito tipo, quanto piores melhores. O resultado é um espectáculo de terror inqualificável, obsceno, ficam todos completamente a nu, todos os seus segredos vão ser conhecidos. Os cérebros daquelas pessoas vão ficar reduzidos a nada e expostos a tudo e a todos. Quanto mais escabrosa for a pergunta mais contente fica o tipo muito tipo porque vai arrecadar mais uns euros. E o resto da pandilha bate palmas. Biltres! Não se pode mentir, o polígrafo acusa, mas se o concorrente mentir a verdade também é revelada. Mas o tipo muito tipo é coerente, responde sempre a verdade! Ficamos a saber que o tipo muito tipo acha a mulher uma verdadeira chata, que o irmão aos olhos dele é um incapaz, o seu melhor amigo não pode confiar nele pois ele despeja tudo aos outros, é um aborrecimento para ele brincar com a filha pequena, as suas aventuras sexuais são fotografadas e exibidas aos amigos, vai fodendo umas quantas gajas desconhecidas e não usa preservativo, vai deixando uns euros em bares de alterne mas tem muito respeito pelo dinheiro (e pela mulher), embebeda-se e vai trabalhar, enfim, não vale a ponta de um corno mas é muito feliz assim. E mais, mais e mais. O tipo muito tipo desiste quanto lhe faltam responder apenas a três perguntas. Ensaca vinte e cinco mil euros, podia ganhar duzentos e cinquenta mil. Afinal, depois de se ter exposto de forma tão vil o que é que o fez desistir? O tipo muito tipo conclui que não quer continuar por respeito a si, à sua família, dizendo que é o mais importante que tem na vida. E chora, claro. É um tipo muito tipo sensível.
08/09/08
Mamma Mia!

Esta é a frase mais comum, a que mais se lê, nas críticas ao filme Mamma Mia! Também, a mais preconceituosa e a que menos traduz o espírito do filme. Pois, se o filme (ou o anterior musical) mais não é do que uma paródia às próprias músicas do grupo sueco (autorizada pelos próprios) ! É um super musical, um super filme, um super divertimento, com uma mais do que super Meryl Streep. Aplausos, e mais aplausos, Dancing Queen ou iééééé !
07/09/08
Raquel Oliveira


05/09/08
três livros em Menorca
O Vasco, o que mais gostei. O Bastos, o menos mais. O valter, curiosidade minha, li uma entrevista no “Expresso”, o mais menos. Escreve-se mesmo assim, valter, com letra minúscula, aliás, bem como o livro.
O Vasco Graça-Moura escreveu um livro belíssimo, Por Detrás da Magnólia, que li em Menorca e que me fez viajar para o sítio exacto de onde eu tinha partido: a Foz, a do Douro. E por mais terras, pelo Douro acima, e por pessoas, por gentes, por outros locais que tão bem conheço. É impressionante o que faz um poeta, neste caso o Vasco. Transporta-nos para os locais, descreve-nos as pessoas, como se estivéssemos lá, como se as conhecêssemos. Sentimos os ambientes, os cheiros, todas as alegrias, todas as angústias. Ainda por cima, no meu caso, que tão bem conheço aquelas ruas, aqueles locais, o Jardim do Passeio Alegre, a Meia-Laranja, o rio, o mar, a união dos dois, os eléctricos a percorrer a marginal do Porto, as expressões típicas daqueles que sempre viveram na Foz, tocou-me particularmente. É um romance, magnifico, poético, que me fez sonhar com outros tempos, anteriores ao meu, numa época em que a Foz deveria ser mesmo um lugar especial. Ainda me lembro da Foz bem diferente da de hoje. Rural, muito rural, não como agora. Ainda é especial, ainda cá estou, ainda sinto o rio e o mar ao pé. Continuo a adormecer com o barulho do mar e o farol a avisar. Continuo a sentir o cheiro a maresia. Continuo a querer ficar aqui.
O Baptista-Bastos, confesso, li o primeiro livro, Viagem de um pai e de um filho pelas ruas da amargura. Já tinha vagueado por outros escritos de Baptista-Bastos mas nunca em romance. Não achei belíssimo, nada semelhante, pareceu-me amargo, triste e forçado. Ode à amargura, à tristeza, escrita muito precisa, pareceu-me demasiado pensada. Mas, as personagens comovem, a viagem do pai e do filho transtorna o nosso espírito. Lisboa é o local, as personagens deambulam pelas suas ruelas e conversam numa taberna. É triste, muito triste. A personagem do pai nunca está ali, inventa sempre outros locais onde preferia (ou não) e acredita (desacreditando) ter estado. O livro fala do amor, da morte, de solidão, de amargura e de forte resignação. Urbano Tavares Rodrigues refere que se trata de uma obra-prima. Um livro sublime. Eu não senti isso. Eu só vi um grande esforço na criação de um livro diferente. Não fiquei convencido (nem precisava de ficar, claro).
O valter hugo mãe é o mais menos dos três. O livro o apocalipse dos trabalhadores não me pareceu quase nada. Pareceu-me minúsculo, como só as minúsculas no livro utilizadas. As personagens, mulheres-a-dias, um reformado, um jovem ucraniano, tudo à toa numa cidade do interior, em Bragança. A acção lenta, pegajosa, desalento, tristeza, tudo numa escrita escorreita mas sem fulgor nenhum. Sentimo-nos perdidos, sós. Portugal com imigrantes a mais, as gentes de Bragança perturbadas com essa incursão, os imigrantes também. Há alguma emoção. As personagens sentem-se todas sós, todas sem rumo, ou as que vivem no seu país ou as que vivem num país estrangeiro. Não vi mais nada. Só isso. Às vezes costumo ver muito pouca coisa.
Porto
03/09/08
rewind de um ano exacto (qui raro, foi sem querer) e desculpas
Causar dor a outra pessoa, de uma forma frontal, ou só pelo nosso porte, ou por quaisquer outros motivos, é algo insuportável, vil, abjecto, ignóbil, medonho, infame, e outros mais sinónimos, que só pode, só deve, causar a quem dirige essa dor uma maior dor a si próprio. É intolerável pensar que alguém sofre porque lhe dirigimos a dor que sentimos intimamente em nós. Fazer sofrer, de qualquer forma, além de intolerável para o outro, é-o ainda mais para nós, também, pelo egoísmo, pelo egocentrismo, intrínseco a cada um (não querermos dor por o outro estar a sentir dor é uma forma de purgar a nossa própria dor). Mas não deve ser por isso, pelo egoísmo e egocentrismo, que devemos sentir dor por causar dor, mas sim pela grandeza de pensar que causar dor nos torna almas menores, seres desmedidamente inferiores, corpos de punição e não de redenção. E nós não somos só corpos, somos muito mais pessoas.
querido mês de Agosto
01/09/08
...

Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...
E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...
Se a corda se parte um dia
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...
Seria grande estopada...
Se o indez morre, deixá-lo...
Mais vale morrer de bibe
Que de casaca... Deixá-lo
Balouçar-se enquanto vive...
Mudar a corda era fácil...
Tal ideia nunca tive...
Mário de Sá-Carneiro