06/03/11

Hereafter


O que impressiona em “Hereafter”, último filme de Clint Eastwood, suponho, não é bem o filme, antes pelo contrário, mas o próprio Clint Eastwood. Um homem com uma sensibilidade única, apesar do que aí vem. O tema é o sobrenatural, o início do filme é muito prometedor, as histórias cruzadas da vida de três pessoas em três cidades distintas (Paris, Londres e São Francisco) muito interessante, mas o desenvolvimento posterior não tem emoção nenhuma. Percebe-se algum esforço de Clint Eastwood na realização mas o argumento de Peter Morgan é fraco, chega a ser confrangedor. É mesmo banal. O enquadramento de acontecimentos reais (o tsunami do Sudeste Asiático, 2004; os atentados ao metro de Londres, 2005) na narrativa soa a mais do que forçado. É pretensioso, falso e aborrecido. E depois há ainda o canastrão do Matt Damon. Indescritível. Uma múmia interpretaria melhor a personagem. Uma curiosidade interessante, aliás em contraposição absoluta com “Gran Torino”, um dos mais belos finais da história do cinema de todos os tempos, neste “Hereafter” temos precisamente o oposto: um dos finais mais banais e previsíveis e daqueles que já se sabem que poderiam ser assim mas que se está espera que não sobretudo porque o filme é de Clint Eastwood. Mas é. É é uma seca brutal.

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