14/11/10

Des Hommes et des Dieux

Finalmente, depois do "O Laço Branco", um filme que mexeu com todas as minhas mais profundas emoções e comoções e perturbações e montões de pões (que são todas aquelas coisas que põem nas nossas pessoas coisas muito fortes, acabei de adicionar o significado de uma palavra à língua). Um filme libertador (em todos os sentidos), com um belo título – “Dos Homens e dos Deuses” - que busca mais as emoções humanas, as dos Homens, do que as de Deus, sem as explicações divinas explícitas, embora O Deus esteja sempre presente e pareçam ser sempre explicitas essas explicações divinas. Um filme que emociona católicos, islâmicos, ateus, ou seja lá quem for, em todos aqueles em que acreditem em que só há um acreditar: o amor em todas as suas dimensões. Um filme que nos enche o peito. E enche-nos o peito porque há Homens que fazem coisas porque acreditam nelas, sem pedir nada em troca, sem procura do heroísmo, apenas na busca de um bem estar interior pleno. Lambert Wilson (Frère Christian), Michael Lonsdale (Frère Luc), Olivier Rabourdin (Frère Christophe), Philippe Laudenbach (Frère Célestin), Jacques Herlin (Frère Amédée), Loic Pichon (Frère Jean-Pierre ), Xavier Maly (Frère Michel ), Jean-Marie Frin (Frère Paul) enchem-nos (é sempre essa a palavra) o coração. Xavier Beauvois, o realizador, procurou a essência da história sem se preocupar nos pormenores dos factos mas nos esclarecimentos dos pensamentos. Um homem que nos transporta às nossas entranhas merece ser observado com muita atenção. E é este o caso. Este filme foi o Grande Prémio do Júri de Cannes 2010, é o filme que representará a França na candidatura ao "Oscar dos filmes estrangeiros" e é um filme que merece especialíssima atenção. Como disse a Rosário Coimbra no final do filme há aqui uma das mais belas cenas que eu (e ela) já vi (vimos) no cinema em toda a minha (nossa) vida. Os monges, à volta da mesa, filmados um a um, com uma expressão que oscila da extrema felicidade, segue para a angústia e termina com uma expressão de profunda tristeza e lágrimas em todos os olhos daqueles monges. E que tristíssimas lágrimas! E que magnificas expressões! O filme parte de uma história verídica. Mas, como no filme, não me apetece muito dar-lhe importância; afinal todas estas histórias de homens anónimos caem no esquecimento e o mais valioso é sempre perceber – e seja lá quem for – que existem pessoas grandiosas. “Entre a Terra e o Céu”. Ou só mesmo aqui na Terra.

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