16/03/10

"a realidade não é o que alguns apregoam que ela é"

Facebook é um website de relacionamento social, define a Wikipédia.

Facebook é um website de conhecimento, de interacção e de, mais uma vez, nesta questão de redes sociais, um website narcísico.

Facebook é uma descoberta da personalidade dos nossos “amigos”. O que se vai descobrindo nas entrelinhas não é pouca coisa. O que vamos mostrando vai violando a nossa privacidade, repetidamente, por palavras, por comentários, por aquilo que vamos escolhendo pôr.

Facebook é uma forma de conhecimento, as notícias vão sendo transmitidas em directo, sempre presente a informação dos assuntos que nos importam, relativos às páginas que nós escolhemos.

Facebook é muitas vezes uma forma de idolatria, qual a pessoa que escolhemos, dos nossos “amigos”, para carregarmos no like, para agradarmos a essa pessoa - a melhor forma de sentir antipatia se não corresponder à verdade. A idolatria, a veneração, seja qual for a razão subjacente, causa asco.

Facebook permite reencontrar velhos conhecidos, permite trocar opiniões, permite diversão, permite aprendizagem. Na maioria das vezes os outros acham sempre mais do que os demais preocupando-se mais com a amostra do que com a verificação.

Facebook permite descobrir pessoas interessantes, desinteressantes, vaidosas, fúteis, arrogantes, simpáticas, autoritárias, banais, tudo como no dia-a-dia mas de uma forma virtual, por isso mais livre, sem sobriedade. Por esta forma, as pessoas mostram-se mais, ocultas que estão no seu teclado, numa imagem virtual aparentemente indecifrável.

Facebook é uma forma de bisbilhotice da vida alheia, de esbulho, há os que permanecem silenciosos a vasculhar os outros, há os intrometidos, os convenientes, os inconvenientes, há de tudo, como em todas as circunstâncias. Tal qual a ninfa Eco que falava demais, a que queria sempre dar a última palavra em qualquer conversa ou discussão.

Facebook é uma forma de divertimento, uma forma de contactar os outros, de interacção, de distracção e de comunicação virtual.

Facebook é uma forma de gueto, os solitários abrem-se ao mundo, os expansivos bombeiam opiniões, os emproados ensinam os outros, os racionais planeiam as palavras, os emotivos susceptibilizam-se e muitas vezes amuam.

Facebook é o actual big brother, real ou virtual, as pessoas sabem da nossa vida, nós sabemos da vida dos outros, riem-se de nós, simpatizam connosco, gostam de nós, opinam sobre nós, e nós fazemos o mesmo com os outros e tudo rodopia à volta e volta a rodopiar e assim sucessivamente. A forma é a mesma da real, o virtual permite-nos rir sem que nos vejam, rirem-se de nós sem que nos apercebamos, respeitamos, desrespeitamos, respeitam-nos, desrespeitam-nos, em sucessivos actos narcisistas.

Facebook é muitas vezes inveja. Às vezes um sentimento de aversão, outras um sentimento egocêntrico, a soberba, o querer ser maior e melhor que todos, não podendo suportar que outrem seja melhor.

Facebook é veracidade, autenticidade. Pomos o que queremos, o que gostamos, independentemente da reacção alheia, somos nós, os outros gostam ou não, é sempre assim afinal.

Facebook não é nada, ou é tudo, ou é muito pouca coisa, ou é aquilo que queremos que seja, não é aquilo que os outros querem de nós, somos só nós, mais nada. Como a Matrix: "se o contrário de real é irreal, então qual é o contrário de virtual? "

E tudo começa pelo título, por Platão.


"O que é Matrix? Controle. A Matrix é um mundo de sonhos gerado por computador... feito para nos controlar..." (revelação feita por Morpheus a Neo)
(Andy & Larry Wachowski, The Matrix, EUA, 1999).

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