08/02/09

trabalho e tempo - outras coisas, também

Ando outra vez sem tempo. Isto não é fácil. Não ter tempo desespera. Por outro lado, o meu tempo é ocupado (cada vez mais quase vinte e quatro horas - durmo a pensar no tempo que tenho para gerir no dia seguinte) quase integralmente pelo trabalho. O que também não é inteiramente mau. Isto porque, gosto do meu trabalho, mais do que isso, vibro mesmo, são orgasmos sucessivos. A única coisa que não gosto – no meu trabalho – são as pequenas contrariedades do dia-a-dia e que não consigo controlar. E são sempre pormenores, coisas que não interessam para mesmo nada mas que estafam. Outra coisa que mói, e muito, é não poder afirmar aos outros (por meros desabafos, só) que o trabalho tira tempo para outras coisas. Para os outros, para os que ouvem (não me ouvem muitas vezes, a não ser os que estimo), vêm sempre o excesso de trabalho, ou as queixas sobre esse excesso, como sinal de arrogância. Neste mundo onde as pessoas estão cada vez mais centradas em si, dirige-se a falta de auto-estima para a inveja/cobiça da vida que os outros têm. Pois, óbvio e triste. Não estou cansado, porém. Estou, e sinto-me bem, com o desenvolvimento do meu trabalho. Se há excesso, se há prazer, o tempo não importa, o tempo, ou a falta dele, só causa adrenalina, só causa a busca de tempo para mais coisas. Outra coisa que me chateia, no meu trabalho, é não poder ser rápido da forma como gostaria de ser, como já fui, tudo quando tinha menos trabalho. É uma dialéctica imperfeita, um pouco confusa, pouco serena. Sereno também nunca fui. Cumpridor procuro ser sempre mesmo que nos últimos tempos demore um pouco mais. Este é um daqueles desabafos que apetece fazer mas que travo sempre por respeito aos outros. Aqui, neste espaço, meu, faço-o pois entendo que só aqui posso gritar o que me vai nas entranhas. Mais inconfidências, pois claro. Seja. Há sempre tempo, para além do trabalho, para aqueles de quem gostamos. Para o B. acima de tudo. Para ti, sempre! Para outros que amo também! Deixa de haver tempo para os que não nos dizem nada ou para os que não nos dizem quase nada. Assim se vão seleccionando prioridades. Assim se vai construindo a satisfação.

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