Após o divórcio, uma jovem solitária (Marilyn Monroe) conhece dois cowboys (Clark Gable e Eli Wallach). Os dois hipnotizam-se por ela, a jovem interessa-se por um deles (Clark Gable), aquele que mais simboliza a liberdade que ela nunca teve. Aparece um terceiro cowboy(Montgomery Clift) e os três partem para as montanhas à procura de cavalos selvagens. Descobrem, na imensidão daquelas montanhas que, apesar das suas diferenças, partilham das mesmas necessidades, dos mesmos traumas, todos inadaptados à vida comum, todos profundamente tristes.
John Huston, o realizador, fez o filme, um puro clássico, uma verdadeira obra-prima. Um belíssimo filme, um filme de culto, mítico, um filme realizado em total e plena liberdade, um filme de busca de felicidade, que persiste não chegar, na imensidão de um deserto, no Nevada, Estados Unidos da América. Cavalos selvagens, aridez, secura, imagens de rara beleza e, claro, vários actores extraordinários: Marilyn Monroe, Clark Gable, Montgomery Clift, Thelma Ritter e Eli Wallach.
Além disso, diálogos intensos, profundos, argumento de Arthur Miller (então ainda casado com Marilyn Monroe), pura poesia sobre um tempo que termina ou que nunca chegou a começar. Terminal. Puro. Autêntico. Livre, de uma liberdade e tristeza arrebatadoras. Arthur Miller, um dos maiores dramaturgos do século XX, desenvolveu diálogos fortíssimos. John Huston iluminou o rosto de todas as personagens, especialmente o de Marilyn Monroe de quem não se consegue desviar o olhar e que nos tira literalmente o fôlego.
Marilyn Monroe entra verdadeiramente na personagem, quando está em cena ninguém consegue ficar indiferente, luminosa, bela, mais do que isso, sempre em pose (nela isso importa tão pouco), com o rosto e movimentos do corpo que atraem automaticamente os olhos de qualquer um de nós. "Ser um símbolo sexual é muita responsabilidade, especialmente quando se está cansada, magoada e vulnerável". No filme e na vida real. Clark Gable afirmou que tudo que ela faz é diferente de qualquer outra mulher, tudo nela é estranho, tudo nela é excitante, desde a forma como fala, a forma como se movimenta, como se contorce, como sorri, como de tão triste que é consegue fazer qualquer homem que esteja na sua presença sorrir. Montgomery Clift, outro grande actor, desliza no filme, com um olhar triste e vazio. Marilyn Monroe afirmou que Montgomery Clift era única pessoa que conhecia que estava em pior estado do que ela própria. Thelma Ritter, eterna personagem secundária, várias vezes nomeada ao Oscar de melhor actriz secundária, acompanha no filme Marilyn Monroe com uma subtileza singular. Todos brilhantes, todos com um destino fatal próximo. Clark Gable morreu logo após a conclusão das rodagens (1960); Marilyn Monroe não fez mais nenhum filme (o filme que iniciou “Something Got to Give", George Cuckor, nunca foi concluído) e teve uma morte trágica (1962); Montgomery Clift entrou num processo de decadência física e profissional e morreu com 45 anos (1966). Tudo isto, a par de todo o resto, ajudou a sublinhar a obra-prima que é “The Misfits”.
Se estamos perante uma raridade? A mim parece-me que estamos perante um dos mais belos filmes de todos os tempos.
The Misfits, 1961
John Huston, o realizador, fez o filme, um puro clássico, uma verdadeira obra-prima. Um belíssimo filme, um filme de culto, mítico, um filme realizado em total e plena liberdade, um filme de busca de felicidade, que persiste não chegar, na imensidão de um deserto, no Nevada, Estados Unidos da América. Cavalos selvagens, aridez, secura, imagens de rara beleza e, claro, vários actores extraordinários: Marilyn Monroe, Clark Gable, Montgomery Clift, Thelma Ritter e Eli Wallach.
Além disso, diálogos intensos, profundos, argumento de Arthur Miller (então ainda casado com Marilyn Monroe), pura poesia sobre um tempo que termina ou que nunca chegou a começar. Terminal. Puro. Autêntico. Livre, de uma liberdade e tristeza arrebatadoras. Arthur Miller, um dos maiores dramaturgos do século XX, desenvolveu diálogos fortíssimos. John Huston iluminou o rosto de todas as personagens, especialmente o de Marilyn Monroe de quem não se consegue desviar o olhar e que nos tira literalmente o fôlego.
Marilyn Monroe entra verdadeiramente na personagem, quando está em cena ninguém consegue ficar indiferente, luminosa, bela, mais do que isso, sempre em pose (nela isso importa tão pouco), com o rosto e movimentos do corpo que atraem automaticamente os olhos de qualquer um de nós. "Ser um símbolo sexual é muita responsabilidade, especialmente quando se está cansada, magoada e vulnerável". No filme e na vida real. Clark Gable afirmou que tudo que ela faz é diferente de qualquer outra mulher, tudo nela é estranho, tudo nela é excitante, desde a forma como fala, a forma como se movimenta, como se contorce, como sorri, como de tão triste que é consegue fazer qualquer homem que esteja na sua presença sorrir. Montgomery Clift, outro grande actor, desliza no filme, com um olhar triste e vazio. Marilyn Monroe afirmou que Montgomery Clift era única pessoa que conhecia que estava em pior estado do que ela própria. Thelma Ritter, eterna personagem secundária, várias vezes nomeada ao Oscar de melhor actriz secundária, acompanha no filme Marilyn Monroe com uma subtileza singular. Todos brilhantes, todos com um destino fatal próximo. Clark Gable morreu logo após a conclusão das rodagens (1960); Marilyn Monroe não fez mais nenhum filme (o filme que iniciou “Something Got to Give", George Cuckor, nunca foi concluído) e teve uma morte trágica (1962); Montgomery Clift entrou num processo de decadência física e profissional e morreu com 45 anos (1966). Tudo isto, a par de todo o resto, ajudou a sublinhar a obra-prima que é “The Misfits”.
Se estamos perante uma raridade? A mim parece-me que estamos perante um dos mais belos filmes de todos os tempos.
The Misfits, 1961
John Huston
2 comentários:
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Obrigado! Como é um blog em português a resposta vai em português. Vou ver o seu blog ...
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