28/06/09

eu e os outros, os outros e eu

Comovi-me. Sim, não é difícil, a emoção apoderou-se mais uma vez. Falei com várias pessoas, daquelas que vão de um extremo ao outro. Tudo começou num bar da moda, gente politicamente correcta, gente com aparência de tudo aquilo que quer parecer o que não é. Hollywood de Portugal. Na pior das hipóteses. Ironias à parte. Gente, aparência, mau gosto, bom gosto, aragem, tudo com o parecer que tudo é assim que deve ser mas nada deve ser como aquilo. Incongruências. Incertezas. Deles, não minhas. Inconfidências, essas minhas. Não sou quem deveria estar ali, a minha imagem correspondia, a cabeça não. Depois saí, cansei-me, decidi aceder a um convite feito há muitos tempos. Há tempos demais, nunca acedi, o meu mundo também não é aquele. Mas acedi. Fui. E fui muito bem tratado, bem mais tratado do que noutro sítio qualquer. Gente genuína, gente com emoção, gente com coração. E isso é tão importante. Isso, das boas pessoas, da boa gente, mesmo que não seja gente como nós, como eu, mas gente com coração. E, por mais trivial, gosto disso. Aqui foi o oposto. Ou seja, a minha imagem não correspondia, a cabeça era emoção. Vou ter de filmar estas coisas, o tempo ainda dá tempo. O tempo dá sempre tempo. Se soubermos e se quisermos. E quero, claro. Nada mais, pouca coisa mais, mas senti-me livre. Livre e com vontade de parecer aquilo que realmente quero ser. Verdadeiro. Honesto. Leal. E são essas coisas que me fazem respirar. Essas e as que tenho em casa. E nada é incompatível desde que tudo seja como no poema da Sophia de Mello Breyner Andresen. Eu e os outros. Os outros e eu. Afinal, tudo tão simples.

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