(...) Aquele brilho outrora tão resplandecente
Dos meus olhos se ausentou para sempre
Dos meus olhos se ausentou para sempre
E agora, apesar de perdido o esplendor na relva
E o tempo de glória em flor,
Em vez de chorarmos, buscaremos força
No que para trás deixamos (...)
Intimations of Immortality
Willian Wordsworth
Eu sei que Deanie Loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminha
e a sua evolução segue uma linha
que à imaginação pura resiste
A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minha
evocação de Deanie quem desiste
na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquele que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais
lhe será dado a ver o que ela era)
Mas em Deanie prossegue a primavera
e vejo que caminha entre as mais
Ruy Belo
O Bosque Sagrado
A resposta relativa à questão deixada abaixo é, para mim, tão simples. A diferença entre duas mulheres bonitas, tão aparentemente semelhantes, ou não, está na profundidade do olhar. A resposta está dada. Duas mulheres e duas épocas tão distintas. Depois de ver (rever) o filme Splendor in The Grass compreendemos que só podemos perceber na plenitude um poema como o que foi citado no filme e em cima depois de vivermos de facto. As teorias são tão só teorias. As vivências são tão mais importantes. Quem não vive de facto não pode compreender os mistérios insondáveis de tanta coisa. Natalie Wood (Deanie Loomis) sublime. Warren Beatty (Bud Stamper) sempre o achei arrogante. Elia Kazan um dos melhores de toda a história do cinema americano. Um dos meus preferidos de sempre ! Esplendor na Relva é um olhar sobre a intensidade do primeiro amor e a repressão sexual imposta pela sociedade. Nos anos 20 (época onde situa a acção do filme ) do Século XX era assim. No Século XXI tão pouca coisa mudou, afinal.
Splendor in The Grass, 1961
Elia Kazan
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