Ontem fui ao lançamento do livro que dá título a este poste e escrito por quem já não precisa de apresentações. Paulo Rangel. Conheço-o há anos, nunca fiz parte do seu grupo de amigos, tenho amigos que fazem, até mais do que amigos. O livro foi apresentado no Palácio da Bolsa pelo Exmo. Senhor Professor Doutor Gomes Canotilho. O discurso (longo) de Gomes Canotilho foi cravejado por adjectivos mais do que elogiosos ao autor do livro, com uma lucidez impressionante, apesar da repetição aqui e ali de frases, ideias e conjecturas. Brilhante, mesmo assim. Paulo Rangel discursou no fim. Apreciei o seu discurso, as suas considerações, o seu sentido de humor, sobretudo mostrou-se (sei que o é por informações de terceiros seus amigos de longa data) caloroso, afectuoso, uma pessoa com fortes princípios morais. O livro foi dedicado ao seu professor de português (já falecido) de liceu – Colégio dos Carvalhos. Comparou-o, sem quaisquer complexos, ao personagem de Robin Williams no filme Dead Poets Society, Peter Weir, 1989. Sem medo, sem qualquer complexo intelectual. Citou o filme porque lhe apeteceu. Convidou a mulher e os filhos do seu professor. Académico, profundamente académico, Paulo Rangel pareceu-me sobretudo uma pessoa boa. Politico (brincou com o facto) valorizou mais no seu discurso a presença dos amigos do que a presença dos ilustres (ilustríssimos) presentes ligados ao partido. Os mais influentes do partido no Porto (e outros) estavam quase todos presentes. São assim que se distinguem os homens. Os bravos homens e os ratos da politica ou de outras áreas. Paulo Rangel vale por si, não vale pelos outros. Apreciei, deveras. A subserviência e a politiquice rasca deste país não lhe interessam, a mim tão pouco. Fui com algumas reticências. Vim embora satisfeito por perceber que há homens da minha geração que ainda podem fazer muita coisa na Assembleia da República. No Governo, na Oposição, serão sempre intersectivos, com valor, com força, com inteligência e sem medo. Sobretudo, sem covardia e com arrojo lutando pelo que acreditam. O "menino de oiro" (como tem sido chamado) pode fazer muito pelo nosso País. No futuro muito breve, na Europa. Mais uma nota ao que tenho lido sobre a aparência física de Paulo Rangel. Quando ele fala, principalmente em circunstâncias tão especiais como as de ontem, quando se sente à vontade, porque, palavras dele, estavam ali os seus amigos, a aparência vale tão pouco. O importante é, de facto, perceber que a aparência de Paulo Rangel brota toda do seu interior. E essa é tão intensa, tão brilhante, que o resto pouco importa. Bravo. Aplausos!
28/04/09
O Estado do Estado
Ontem fui ao lançamento do livro que dá título a este poste e escrito por quem já não precisa de apresentações. Paulo Rangel. Conheço-o há anos, nunca fiz parte do seu grupo de amigos, tenho amigos que fazem, até mais do que amigos. O livro foi apresentado no Palácio da Bolsa pelo Exmo. Senhor Professor Doutor Gomes Canotilho. O discurso (longo) de Gomes Canotilho foi cravejado por adjectivos mais do que elogiosos ao autor do livro, com uma lucidez impressionante, apesar da repetição aqui e ali de frases, ideias e conjecturas. Brilhante, mesmo assim. Paulo Rangel discursou no fim. Apreciei o seu discurso, as suas considerações, o seu sentido de humor, sobretudo mostrou-se (sei que o é por informações de terceiros seus amigos de longa data) caloroso, afectuoso, uma pessoa com fortes princípios morais. O livro foi dedicado ao seu professor de português (já falecido) de liceu – Colégio dos Carvalhos. Comparou-o, sem quaisquer complexos, ao personagem de Robin Williams no filme Dead Poets Society, Peter Weir, 1989. Sem medo, sem qualquer complexo intelectual. Citou o filme porque lhe apeteceu. Convidou a mulher e os filhos do seu professor. Académico, profundamente académico, Paulo Rangel pareceu-me sobretudo uma pessoa boa. Politico (brincou com o facto) valorizou mais no seu discurso a presença dos amigos do que a presença dos ilustres (ilustríssimos) presentes ligados ao partido. Os mais influentes do partido no Porto (e outros) estavam quase todos presentes. São assim que se distinguem os homens. Os bravos homens e os ratos da politica ou de outras áreas. Paulo Rangel vale por si, não vale pelos outros. Apreciei, deveras. A subserviência e a politiquice rasca deste país não lhe interessam, a mim tão pouco. Fui com algumas reticências. Vim embora satisfeito por perceber que há homens da minha geração que ainda podem fazer muita coisa na Assembleia da República. No Governo, na Oposição, serão sempre intersectivos, com valor, com força, com inteligência e sem medo. Sobretudo, sem covardia e com arrojo lutando pelo que acreditam. O "menino de oiro" (como tem sido chamado) pode fazer muito pelo nosso País. No futuro muito breve, na Europa. Mais uma nota ao que tenho lido sobre a aparência física de Paulo Rangel. Quando ele fala, principalmente em circunstâncias tão especiais como as de ontem, quando se sente à vontade, porque, palavras dele, estavam ali os seus amigos, a aparência vale tão pouco. O importante é, de facto, perceber que a aparência de Paulo Rangel brota toda do seu interior. E essa é tão intensa, tão brilhante, que o resto pouco importa. Bravo. Aplausos!
26/04/09
Maus Hábitos
Ontem passei um belo início de serão nos Maus Hábitos. Pena ter vindo embora tão cedo, outra reunião acontecia hoje em casa. Os maus hábitos sempre foram centro dos meus especiais interesses. Os bons hábitos acontecem quando nos reunimos com amigos especiais, neste caso concreto com a pessoa que deu origem da minha ida àquele local. Outros também. Maus e bons hábitos juntos é a perfeita afinação. E foi o que aconteceu. Culpado confesso, nunca lá tinha ido. Culpado confesso, apetece-me lá voltar. Falamos sobre cinema, sobre trabalho, sobre muitas outras coisas, observei com atenção o ambiente, os convidados, as restantes pessoas e, claro, a especial pessoa da noite. Uma cara amiga. Uma caríssima amiga. As cumplicidades acontecem assim. Porque sim. E já perduram há 28 anos. Não esmorecem apesar de poucas vezes juntos. " (...) Aqui está a história da minha vida, estas são as pessoas que fizeram parte dela, estas são as pessoas que representam a minha existência (...)". Disse! Uma honra e um prazer fazer parte da história de vida de tão excelente pessoa.
25/04/09
mensageiro
Há 20 anos despedimo-nos de ti.
Há 20 anos que tenho saudades tuas.
Agora a dor é mais ténue.
Contudo, as saudades são maiores.
O carinho, a estima, o amor, esses sentimentos são ainda superiores.
Ontem disseram-me que a tua partida, a dor dos nossos pais, a minha dor, causaram arrepios a centenas de pessoas.
A dor dos pais é ainda maior do que a minha.
A mãe continua forte. É uma mulher extraordinária.
O pai está débil. É um homem com poucas defesas interiores.
Eu continuo. Uma mistura dos pais.
Continuarás sempre nas minhas entranhas.
Agora há um anjo na Foz. E esse anjo para mim és tu.
Como gostavas daqui ! Nós aqui estamos, aqui continuamos.
Mensageiro
Irene Vilar
24/04/09
Splendor in The Grass
(...) Aquele brilho outrora tão resplandecente
Dos meus olhos se ausentou para sempre
Dos meus olhos se ausentou para sempre
E agora, apesar de perdido o esplendor na relva
E o tempo de glória em flor,
Em vez de chorarmos, buscaremos força
No que para trás deixamos (...)
Intimations of Immortality
Willian Wordsworth
Eu sei que Deanie Loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminha
e a sua evolução segue uma linha
que à imaginação pura resiste
A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minha
evocação de Deanie quem desiste
na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquele que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais
lhe será dado a ver o que ela era)
Mas em Deanie prossegue a primavera
e vejo que caminha entre as mais
Ruy Belo
O Bosque Sagrado
A resposta relativa à questão deixada abaixo é, para mim, tão simples. A diferença entre duas mulheres bonitas, tão aparentemente semelhantes, ou não, está na profundidade do olhar. A resposta está dada. Duas mulheres e duas épocas tão distintas. Depois de ver (rever) o filme Splendor in The Grass compreendemos que só podemos perceber na plenitude um poema como o que foi citado no filme e em cima depois de vivermos de facto. As teorias são tão só teorias. As vivências são tão mais importantes. Quem não vive de facto não pode compreender os mistérios insondáveis de tanta coisa. Natalie Wood (Deanie Loomis) sublime. Warren Beatty (Bud Stamper) sempre o achei arrogante. Elia Kazan um dos melhores de toda a história do cinema americano. Um dos meus preferidos de sempre ! Esplendor na Relva é um olhar sobre a intensidade do primeiro amor e a repressão sexual imposta pela sociedade. Nos anos 20 (época onde situa a acção do filme ) do Século XX era assim. No Século XXI tão pouca coisa mudou, afinal.
Splendor in The Grass, 1961
Elia Kazan
18/04/09
Sindicatos e Associações Patronais
Eu juro, a sete pés juro, e não se aplica aqui que quem jura mais mente, que não compreendo, ultrapassam-me, os ideais mais do que ultrapassados dos "superiores" interesses políticos e ideológicos de um Sindicato que contrariem os "inferiores" interesses individuais e particulares dos seus sócios levando-os a defender mais a instituição do que o interesse duma pessoa em concreto. Comunismo de outros tempos, completamente ultrapassado nos dias que correm. A palavra Camarada já não faz (ou mesmo nunca fez) sentido. Stop. A expressão A Luta Continua soa-me a muito pouca coisa. Stop. Numa negociação particular, parece-me, estarei eu ultrapassado, prevalecerá sempre o interesse dos envolvidos, nunca o superior interesse de uma Associação Patronal ou de um Sindicato. Numa negociação colectiva, parece evidente, os interesses dos empregadores e trabalhadores deverão ser defendidos acerrimamente por cada um dos defensores da classe que representam. Aprendi isto há muitos anos, sou e estou grato, defendo o que represento, incapaz de contrariar os meus princípios, coincidentes com os princípios da instituição aonde colaboro. Se não fosse dessa forma seria impossível. Não posso corroborar ideias em que não acredito. Acredito nos meus princípios, acredito nos empregadores, acredito em conversações para chegar a conclusões, nunca em imposições. E por isso continuo, e por isso, numa negociação colectiva, defenderei sempre os interesses dos empregadores. Agora, numa negociação particular, há os interesses dos intervenientes, só daqueles, nunca os interesses políticos e ideológicos disto ou daquilo, do Sindicato ou da Associação Patronal. Conversações para chegar a conclusões que satisfaçam os superiores interesses de cada uma das partes envolvidas. E só. Stop. Ao longo do meu percurso, pessoal e profissional, cedo percebi que tudo gira à volta de aparências. Os fracos nem sempre são os trabalhadores, os mais desprotegidos são as mais das vezes os empregadores à mercê do despotismo da bandeira intimidadora dos trabalhadores. Stop. Não acredito em rigidez, acredito em evolução. Não acredito em inflexibilidade, acredito em lucidez. Eu juro, a sete pés juro, e não se aplica aqui que quem jura mais mente, que o autoritarismo, a prepotência, o despotismo está mais vezes do lado que à partida não pareceria estar. Não deveria estar mesmo em lado nenhum mas as mais das vezes está do lado dos trabalhadores, neste contexto, de quem os representa. As generalizações são sempre tão perigosas. Acima de tudo devemos ser gratos. E disso orgulho-me dizer que sim, que respeitarei sempre, com todas as minhas forças, aquilo em que acredito e as pessoas com quem trabalho. Sempre fui respeitado e sempre respeitarei. Não encontro isso do outro lado. Encontro subordinação e subserviência em instituições que defendem exactamente o oposto. Tudo gira à volta de aparências. Efectivamente. Sem moralizar. Stop.
14/04/09
telemóvel e outras tretas
Sempre os abominei. Desde o início. Fui dos últimos resistentes, dos últimos a adquirir um. É isso e o messenger. Não atende, não quer atender. Não responde à luz laranja, não me liga um caralho. Não passará pelas cabeças de quem liga ou de quem pisca que, por qualquer motivo, não é possível, estamos indisponíveis, foda-se, não nos apetece – também é justo! Não atendeu? Porquê? Não respondeu, não viu a luz laranja? Porquê? Não ouviu, não viu? Saudade dos recados. Ligam-nos para o local de trabalho, informam que não estamos e, de imediato, chamada para o telemóvel. Estou numa diligência, ocupado, indisponível, foda-se! Não posso, não quero, não me apetece naquele instante. E os que insistem? Vamos a ver e temos cinco chamadas não atendidas da mesma pessoa. Alto, algo de grave se passa. Devolve-se a chamada e era uma treta. Uma verdadeira treta. Em geral é assim. Em particular também. O pior é quando caímos na mesma esparrela. O meu telemóvel está em silêncio. O messenger sem som. Um dia destes mando as duas preciosidades do mundo moderno para o Diabo que os carregue. E só restam os telefones fixos e o telemóvel para os nossos estimados. E mais não escrevo para não mandar tudo e todos para a puta que os pariu.
13/04/09
Ensaio Sobre a Cegueira
Retomo a escrita, retomo o trabalho, após uns poucos dias de férias e de algum Sol. Estou bronzeado, animado, e com uma enorme vontade de retomar o meu dia-a-dia. As rotinas são sempre boas quando há tantos sobressaltos pelo meio. O regresso a casa é sempre bom. A manhã do primeiro dia está a começar assim, tantas coisas para fazer e tão pouco tempo para elas - a rotina com sobressaltos, enfim. Para finalizar as férias, e como o cinema está sempre presente na minha vida, decidi ver Ensaio Sobre a Cegueira. Bom, e não podia ter acabado umas férias tão aprazíveis com um filme tão absurdamente deprimente. Um finalizar diferente do intermédio. Um filme bastante óbvio e que não consegue transmitir emoções que não sejam as de repulsa e do nojo. Enjoo e vómito. José Saramago afirmou que se recusou a vender os direitos do livro durante vários anos porque o "cinema destrói a imaginação". Não concordo, embora compreenda. O filme tem, contudo, imagens extraordinárias criando no espectador uma sensação de colapso a todos os níveis. A destruição e a globalização do nosso mundo actual. O nada. Tudo flutua para o esvaziamento. Ninguém vale nada a não ser que valha alguma coisa. Gosto mais de Fernando Meirelles do que de José Saramago. Aliás, nem gosto mesmo nada de José Saramago. O filme é deprimente, vazio, pelo tema, pela total ausência de ética e moral, pela absurda metáfora apocalíptica, pelo fim incompreensível. Eu não percebi. Achei medonho. A realização é forte, as cores e a sua ausência fortíssimas, a luminosidade extraordinária. Tudo isto não chega para não deixar de afirmar que o filme é absurdamente deprimente. Julianne Moore sempre luminosa. Alice Braga (sobrinha de Sónia Braga) novamente a dar o ar da sua graça depois de Cidade de Deus (não a conheço doutras bandas). Mark Ruffalo a fugir para o canastrão. Danny Glover sempre profundo. Gael García Bernal um verdadeiro alucinado monstro dos nossos dias. E, voltando à realidade, há mais assuntos a tratar. O clarão branco não chegou ainda aqui. Por ora.
06/04/09
02/04/09
Jane Birkin & Serge Gainsbourg
Cansam-me os quadrados.
Gosto de gente ousada.
Não gosto de gente escusada.
Não aprecio gente acomodada.
Interessa pouco aos outros, interessa muito a mim.
Gosto de gente ousada.
Não gosto de gente escusada.
Não aprecio gente acomodada.
Interessa pouco aos outros, interessa muito a mim.
Je t'aime... moi non plus
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