29/10/09

onde é o topo do mundo ?




Outro excelente artigo, desta vez no JN.

O Porto no topo do mundo.
A Foz no topo do Porto.
E o Jardim do Passeio Alegre no topo da Foz.
É toda a minha vida!

PASSEIO ALEGRE

Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausica, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis — assim nuas.
Eugénio de Andrade
Rente ao Dizer (1992)
In Poesia
Porto, Fundação Eugénio de Andrade, 2000

28/10/09

"a beleza dura cinco minutos"



Extraordinária entrevista no Expresso a Monica Belluci.
"A beleza dura cinco minutos"
Oscar Wilde
Neste caso, alguém se importa?
Já agora, vale a pena ler/reler "O Retrato de Dorian Gray" , Oscar Wilde. Romance sobre a imortalidade, a perfeição, a juventude eterna, a beleza etérea e efémera e outras impossibilidades aparentes e não aparentes. Claro, mais uma obra-prima.

21/10/09

O Túnel

Livro sobre a solidão, sobre a incapacidade de entendimento dos outros, ou a busca incessante da procura de intenções alheias. Muitas vezes acertamos, outras erramos, os juízos de valor são sempre aleatórios, perigosos e podem ter consequências terríveis. Tão terríveis, como diz o personagem Juan Pablo Castel, que desejamos livrarmo-nos de nós. “Senhor, livra-me de mim”. Ao tentar livrar-se de si, livra-se da mulher que ama, a única que talvez o tenha compreendido e que por isso decidiu matar. Impossibilidade de comunicação, nunca somos o todo de nós mesmos, o "túnel" da vida tem de ser percorrido como um acto solitário. Por mais dolorosa que seja essa solidão não é possível que terceiros decidam por nós. Por mais que amemos, por mais que respeitemos, os outros, os nossos, somos sempre só nós a decidir sobre o "túnel" a percorrer.

Juan Pablo Castel, pintor, apaixona-se por uma mulher que foi visitar a sua última exposição, Maria Iribarne. Será essa a única mulher (pessoa) que percebeu a sua pintura, um dos seus quadros e que por isso o irá compreender a ele? Será que é Maria Iribarne, mulher misteriosa, que não consegue comunicar com os outros, sendo assim apresentada por ele como uma pessoa egoísta? Ou será Juan Pablo Castel que não consegue comunicar com as pessoas, com essa mulher, com todos, e entra numa espécie de espiral de reflexões precipitadas? Ou não? Estará louco? Ou lúcido? E porque é que Juan Pablo Castel, detalhadamente, desde o início do livro, procura encontrar razões para o acto que cometeu, o assassinio da única mulher capaz de o compreender? «Existiu uma pessoa que poderia entender-me; mas foi precisamente essa pessoa que matei»

Obra-prima absoluta.

O Túnel, 1948
Ernesto Sabato


15/10/09

Cláudia, Naomi e Eva


Anda meio mundo maluco. O stress causa efeitos muito perversos nas pessoas, tudo quer aniquilar tudo. As pessoas não medem os seus actos, dizem o que querem e o que não querem, ultrapassam todas as barreiras. Insultam-se no trânsito, menosprezam os outros, subestima-se a inteligência alheia, desvalorizam-se os diferentes. Não se percebe de imediato que se destroem é a si próprios? Efeito flecha, efeito ricochete. Retrocesso programado. Enfim, nada que não se saiba mas que aniquila relações. Há um programa que se chama "Super Bonita", brasileiro, antónimo de tudo o que disse antes, e que faz falta à maioria das gentes. Gente "Super Bonita" faz falta. E a futilidade pode ser sinónimo de várias fontes de energia. Ops! O resto também, gente "Super Bonita" sob todos os pontos de vista. Procuram-se. Cláudia, Naomi e Eva. Venham elas. E venham mais, com muito mais na cabeça do que aquela brasileira rasca chamada Maitê Proença.