29/10/08

HOLOCAUSTO



Por falar em memórias, Holocausto foi uma das mini-séries que mais marcou a minha pré-adolescência. Poderei mesmo dizer a mais marcante de todas, pelo menos a que mais influenciou a minha consciência cívica. Teria eu uns doze anos quando sonhava todas as noites com Inga (personagem de Meryl Streep, sim, ainda me lembro bem do nome) e com toda a saga de atrocidades cometidas contra o povo judeu dos anos 30 até 1945. Um comovente, impressionante e arrebatador retrato da luta do povo judeu. Agora percebo bem a angústia de minha mãe na luta entre deixar que eu visse ou recusar fazê-lo. Eu não sei se gostaria que o meu filho de doze anos visse isto agora. Não! Demasiado novo para ver tanto mal.


Acabada de sair em DVD (16 de Outubro de 2008). Imperdível, mesmo que a rever com a angústia de quem a viu ainda criança.

Nastassja Kinsky


Imagens que ficaram na minha memória. Estas têm tantos anos, bolas. Os meus amigos oferereciam-me estes recortes nos meus aniversários. Lembram-se? Há mais de vinte anos. Na altura, a actriz que eu mais gostava (a todos os níveis e mais alguns).

28/10/08

justificar para quê ...

Se não fosse aquilo que diz que não é não precisaria de tanta justificação sobre o que quer parecer, para o que diz ser, para justificar o que não é sequer justificável. Perdeu mais tempo a explicar o que não quer parecer do que a falar do motivo real do texto. Pena, há pessoas que precisam de se justificar continuamente. Parecer, a idade ajuda a não ter que dar grandes explicações. Mas eu continuo a achar piada aos textos, às opinões deste Senhor.
"Manhã Submersa" já está tão longe (continua a comover, sempre).
"Mamma Mia" é uma libertação (vai continuar a divertir, agora e daqui a muito tempo).

23/10/08

Bimby




Eu espero que esta merda funcione pois, caso contrário, há mortes, ferimentos, atropelamentos e mais que seja, aos rodos!
Nota: Serve, ainda, para reforçar a última "posta"; é que parece que isto também está muito na moda. Está tão na moda que parece ser o "maior sonho" de qualquer dona-de-casa (ai, estas mulheres!). Sem ofensa, claro.

22/10/08

sem comentários



Jornal Público
On Line
22-10-2008 14:59:00
Narendra Kumar
Fotografia:
Arko Datta/Reuters
(a guerra na moda; fantástica foto; desculpem a usurpação.)

Sexo e a Cidade

A estilista Vivienne Westwood saiu dez minutos após o início na estreia do filme "Sexo e a Cidade". Além de referir que não ficou impressionada com as suas próprias criações referiu, ainda, que as peças de roupa, às dezenas e dezenas que as personagens foram exibindo, eram bastante "aborrecidas". "Eu pensei que o filme "Sexo e a Cidade" teria peças de roupa na vanguarda da moda mas não houve nada de memorável ou interessante que eu tivesse visto. Eu fui à estreia mas saí dez minutos depois".
Ora, concordando quase em absoluto com as palavras da estilista, tendo eu aguentado não mais do que meia hora e pouco do filme, mais do que ela pois na vanguarda da moda estará obviamente à minha frente, resta acrescentar que o restante era mais do que execrável. O consumo também aqui, mais nada. Concordando quase em absoluto pois gostei do vestido de noiva de Vivienne Westwood usado por "Carrie" (Sarah Jessica Parker).

comer sabão faz bem

Estou a começar a ficar tonto, se é que já não estou há muito tempo, com o vazio desta coisa que é o consumo. É que já estou mesmo a não ter grande paciência para os deliríos consumistas. Os dos outros, desde que não me afectem, quero lá saber! Basta, ponto final. A moderação é obrigatória e já não estou pelos ajustes. Estou a ficar irritado, mas só ligeiramente, por enquanto, com as observações directas-terceiras-frontais. É que se continuam vão mesmo levar um "vai-te foder". Escrevam, façam um filme, trabalhem, batam com a cabeça nas paredes, berrem com os vossos, atirem-se de uma ponte, mas não chateiem. A moderna franqueza não é uma qualidade é uma forma bem directa de ser mal-educado. O silêncio a uma ausência de resposta a uma provocação é a forma mais fácil de cobardia (ou, será, de inteligência?). A resposta à altura é mesmo peixeirada (ou, será, burrice?) mas sabe bem à alma, ora foda-se! Não gostam? Sempre podem comer sabão.

21/10/08

Cássia Eller



Cássia Eller morreu com 39 anos, no Rio de Janeiro, Brasil, em 2001. Era uma cantora extraordinária, versátil, com uma voz inconfundível, rouca, penetrante e, como refere numa das músicas que cantou (do Cazuza, também ele cáustico), plena de malandragem. E é um bom tema, este, o da malandragem. A música diz, às tantas, eu só peço a Deus um pouco de malandragem pois sou criança e não conheço a verdade. Acrescenta, bobeira é não viver a realidade e eu ainda tenho uma tarde inteira. A malandragem suscita, em mim, a maior vontade de não ser o oposto, o certo, o correcto. O que todos acham que deverá ser, a mim parece-me, desde logo, o errado. Gosto do risco, de viver em estado de inquietação permanente, de desfrutar do precipício, do abismo, da vontade de viver a realidade e não de me conformar só com o que me é cedido. Tudo como na música, na letra, nas palavras de Cazuza e na voz de Cássia. Tudo aquilo que, dificilmente, e por varíadissimas circunstâncias, não podemos fazer. Por isso, eu, como na música, também peço a Deus um pouco de malandragem. Peço, ainda, a Deus, que com clareza possa viver a realidade de uma forma absoluta.

17/10/08

pequenas batalhas ganhar a guerra

Eu hoje não dormi nada. Acontece. Insónia, sono inquieto, tumulto interior, suores e dores de cabeça ao acordar do entorpecimento de não ter dormido em ordem. Durante o pouco sono, nos momentos em que a minha consciência inconsciente adormecia por instantes, lembranças, sonhos, com pessoas que já não vejo há anos, com amigos que nem sei se ainda o são ou se algum dia o foram, com pequenos acontecimentos passados e presentes, sempre, ainda, com aquela pessoa que já não está comigo estando sempre. Não nos devemos esquecer de nada, verdade. A nossa consciência tende a esquecer os maus momentos e a recordar os bons. Uma boa forma de protecção. Contudo, não nos devemos esquecer de nada. A nossa vida é isso, com isso crescemos, com isso aprendemos a melhorar a nossa forma de encarar de frente as realidades que vamos escolhendo e as que nos vão sendo impostas por toda a espécie de condicionantes externas. Foda-se, não gosto que me condicionem e passam a vida a fazê-lo. Foda-se, eu gostava de ser livre, de dispersar e de não ter de me regular por quase nada. Foda-se, eu também não gosto da anarquia. Eu gosto da ordem, da razão, do meu trabalho, do meu bem-estar e do bem-estar daqueles que estão comigo. Sobretudo isso! A consciência é uma coisa pesada e a minha está sempre muito irrequieta. ("I Know that feeling", Paris, Texas - Nastassja Kinsky). Eu não vou desistir de nada, vou lutar sempre, sou um guerreiro, sempre fui, sempre encarei a vida como sucessivas batalhas que embora em contínuas perdas e vitórias têm sempre como objectivo ganhar a guerra.

13/10/08

Património

Ler um livro como este faz-nos pensar que de nada valem as discussões e as querelas, por mais antigas que sejam, com os nosssos progenitores, no caso com o nosso progenitor homem Pai. O pai é o meu pai e eu farei o mesmo que qualquer filho - se puder e estiver em tempo - tudo o que for possível. Seria melhor demonstrar-lhe em vida tudo o quanto está expresso neste livro. Uma história simples, comovente, a demonstração de um amor verdadeiro que todos os filhos deveriam (ou pelo menos gostariam) de sentir pelos seus pais. Mesmo que não eu quero pensar que sim. E penso. A escrita de Philip Roth é magnifica! Sim, não devemos esquecer nada. Pai, és o meu pai, sossega!
Património, 1991
Philip Roth

12/10/08

incrédulo

Esta coisa não é normal! Questiono se este tipo será casado com alguém. Virgem, não? Coitada, se a resposta for sim. Coitado, para uma resposta politicamente correcta. De qualquer forma, a insatisfação (e sabe-se lá mais o quê) é bem patente no que acabei de ler. Continua a espantar-me a arrogância e a falta de discernimento. Ainda por cima, com suposta intenção de ter graça. Reacções consegue, lá isso.

"Boa noite. Eu vou com as aves."

O sentimento, o estado permanece. Não sei. Dura há tempo demais. Não é uso, passa, tudo passa e passa depressa. Não é o que sucede. Mantêm-se. O choro parece ser o mais legítimo. Neste tempo, ocorre com maior violência a saudade. A saudade dos que partiram, a saudade sua, o aconchego da mãe, a saudade dos que não estão por perto. Neste tempo ocorre, também, o prazer, o contentamento, a alegria da companhia daqueles que estão por perto. E são tão intensos os momentos solitários. São tão caros os instantes. Há que reflectir sempre no que merece a pena. E o que se ganha com esta cogitação são sucessivos orgasmos; sucessivos pensamentos arrebatados para atingir a harmonia. O excesso permite tanta coisa. A indulgência permite tão pouco.

mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe


Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.


Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.


Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.


Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.


Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.


Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!


Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;


ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;


ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...


Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,


Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.


Boa noite. Eu vou com as aves.




Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro"

09/10/08

À bout de souffle






Jean-Luc Godard
Jean-Paul Belmondo
Jean Seberg
Tudo é perfeito. A combinação perfeita (realização, argumento, interpretações ...), a simplicidade, resultado intemporal. O primeiro filme de Jean-Luc Godard e um filme emblemático da Nouvelle Vague. Jean, Jean e Jean. Ver e rever, sempre.

07/10/08

viva la vida

Um domingo cheio, extenuante, sobretudo bom em conversa. Que mais não fosse, boa conversa, o regresso de amigos, gente com sentido de humor, bom, e um grande trambolhão, isso não correu tão bem. O domingo é sempre um dia desconforme, em festa fica bisonho, o vírus gripal a atacar os convivas, muito barulho por nada. A minha tosse acalmou, a disposição melhorou, a festa serviu para retemperar forças, estranho pois o dia não era o mais adequado. Pode dizer-se que foi uma festa de arromba, boa e farta comida, muita música, muita animação, muita cantoria, não faltou o desfile brilhante das aparatosas vestimentas, indescritíveis, muitas delas, uma boa maneira de descobrir tudo-o-quanto-não-se-deve-usar-em-nenhuma-circunstância. As cores fortes e as banhas a sobressair nas moçoilas, as gravatas e as camisas trepidantes e coloridas dos seus acompanhantes, os cheiros, os odores, tudo parecia resvalar em rumba, em tango, swing, a quatro, romance a quatro (calma, eram duas festas numa só). Os noivos estavam felizes, o rebento enternecia qualquer um. Que menino bonito! O mais bonito da festa foi a chegada com o rebento, enterneceu todos os presentes, o menino a acompanhar os pais com um ar muito terno. O menos bonito, apesar de tudo, não foi nada, a festa aconteceu bem, sobretudo porque quem a fez gostou de a fazer. E quem são os outros para obstar? Era domingo, um dia pesado, se fosse um outro dia tudo podia parecer melhor. Desfrutem a festa, recomendou o noivo. A amabilidade superou tudo. A gentileza é sempre superior a todo o resto. Neste estranho mundo de aparências estes valores podem estar esquecidos mas permanecem os mais importantes. As aparências iludem tanto. As aparências confundem os nossos sentidos. As aparências são tão-somente aparências. Há valores muito superiores ao que poderemos considerar o mais adequado. Ser genuíno não é para todos. E aqui ganharam muitos pontos. Viva la Vida !

03/10/08

estado

Estou doente, com gripe, cansado, desanimado e um pouco triste.
Tudo isto passa, sobretudo a tosse que já não posso com ela.
Há momentos assim, de desânimo.
Li por aí umas coisas, nuns blogues conhecidos, e penso, pensei, o que é que eu estou para aqui a fazer, a escrevinhar, a palrar, coisas sem interesse, como as que acabei de ler.
Foda-se, estou mesmo cansado. Cansa-me estar cansado. Cansa-me a sensaboria. As pessoas cansam-me muitas vezes.
Ontem, em conversa com uma amiga mais velha, confidenciou-me ela que se tem fechado aos outros porque os outros estão cada vez menos abertos a transmitir verdadeiros interesses, só banalidades. Concordo. Mas, tudo isto passa. Há outros que se vão descobrindo e que nos transmitem muita coisa.
E eu já nem digo mais nada: eu sei que tudo isto passa!

01/10/08

interferências

O orgulho nele vai crescendo à medida do seu crescimento. É espantoso como uma criança de doze anos pode revelar princípios que os adultos, geralmente os pais, mea culpa, tentam ultrapassar. Não são ilícitos, apenas pecadilhos. Os pais gostam que os filhos ganhem. A competitividade é maior nos pais do que nos próprios filhos. Sinal de perigo. As crianças precisam apenas de ser felizes. As crianças precisam, ainda, de acompanhamento na formação dos princípios que servirão de base para o resto das suas vidas. Sinal de dignidade. (...) Não posso dar os parabéns pela vitória, tinhas razão. Agora podes desistir, querendo. A promessa é que não interfiro mais.